Os 190 anos da imigração alemã em território catarinense foram comemorados na noite desta segunda-feira (27) em uma sessão especial da Assembleia Legislativa. Descendentes dos 635 primeiros colonizadores que desembarcaram em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, em 1828, celebraram no ato promovido pelo Parlamento a memória de seus antepassados e as conquistas deles em uma trajetória de construção do estado.
Proponente da sessão, o deputado João Amin (PP) citou que a Assembleia Legislativa não poderia deixar de incentivar a divulgação do que os alemães fizeram pelo estado e homenagear entidades e pessoas que até hoje trabalham pelo desenvolvimento catarinense e pela manutenção das tradições germânicas. “Eles são um exemplo para Santa Catarina e para o Brasil. São Pedro de Alcântara [que foi a primeira colônia alemã no estado] representa muito isso, mas diversos outros municípios catarinenses também”, comentou.
Álvaro Cuduro de Oliveira, dirigente da Sociedade Hamonya-Lira, de Joinville, falou em nome dos dez homenageados e, segundo ele, a data é muito importante. “São quase dois séculos da imigração alemã que teve uma influência muito grande na história do Estado de Santa Catarina. Naturalmente, somados a outras etnias que para cá imigraram, eles construíram um estado que é diferente da maioria dos demais, transformando Santa Catarina no melhor estado para se viver”, avaliou. De acordo com ele, os costumes e as tradições trazidas da Alemanha foram essenciais para a formação da cultura catarinense. “A gente tem que lembrar que na Europa, na metade do século XIX, quando eles vieram para cá, vivia-se um ambiente de efervescência cultural. E eles trouxeram isso para cá, onde encontraram um ambiente muito rude, mata densa, sem nenhuma estrutura. Mas conseguiram construir, por si próprios, a recriação dentro do possível do que havia na Europa. Isso deu base para o posterior desenvolvimento econômico, que só ocorreu por conta do desenvolvimento cultural até então existente”, explicou.
O cônsul geral da Alemanha no Brasil, Thomas Schmitt, veio de São Paulo especialmente para participar do ato e também destacou a relevância da sessão. “Creio que para a identidade destas pessoas, ir ao público mencionar o que [seus antepassados] fizeram, é muito importante. E para nós também, pois eles são a ponte entre a Alemanha contemporânea e Santa Catarina”, argumentou.
A primeira colônia alemã foi instalada em São Pedro de Alcântara, município da Grande Florianópolis. O atual prefeito, Ernei José Stähelin (MDB), destacou que a região era a primeira parada entre Nossa Senhora do Desterro e a atual cidade de Lages, na serra catarinense. “Apesar de hoje ser um município pequeno, como colônia São Pedro de Alcântara foi muito importante para o estado, pois foi um centro irradiador da colonização. Houve fluxos migratórios saindo de lá em todas as direções, indo para o Sul, Vale do Itajaí, Vale do Itapocu, para o Alto Vale, o Oeste catarinense e até o sudoeste do Paraná. Em todas essas áreas, há descendentes de famílias de São Pedro de Alcântara”, destacou. Além da questão cultural, essa expansão se reflete ainda, por exemplo, em áreas como religião e política. Segundo o prefeito, os arcebispos de Porto Alegre (RJ), de Marajó (PA) e as catarinenses Florianópolis, Tubarão e Caçador são filhos de famílias alemãs que se formaram no município. “Na área política temos pelo menos cinco ex-governadores que tiveram origem lá: Irineu e Jorge Bornhausen, Colombo Salles, Lauro Müller e Felipe Schmidt”, concluiu.
Fonte: Agência AL
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