Um projeto de lei em Santa Catarina quer proibir o desenvolvimento do 5G no estado devido aos supostos perigos causados pela tecnologia. De acordo com a justificativa do texto, a nova geração de redes móveis poderia prejudicar a saúde de humanos e animais, inclusive exterminando certas espécies do planeta Terra, como as abelhas.
O projeto de lei 0241.5/2019 foi descoberto pelo Teletime e pode ser acessado no site da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
De autoria do deputado Marcius Machado (PL-SC), o texto determina em seu artigo 1º que “ficam proibidos os testes e a instalação da tecnologia 5G (Quinta Geração de internet móvel ou Quinta Geração de sistema sem fio) no âmbito do Estado de Santa Catarina”. Em caso de descumprimento, a operadora pode pagar multa de R$ 100 mil, ou R$ 200 mil em caso de reincidência.
Vale a pena ler toda a justificativa:
Há algum tempo, o 5G já vem sendo estudado para substituir o 4G e ter a próxima geração lançada dentre os próximos 10 anos, seguindo o mesmo padrão de evolução das demais gerações anteriores.
Os meios de comunicação vêm divulgando apenas as vantagens que as redes sem fios 5G podem trazer em matéria de comunicação e transmissão de dados, como a rapidez com que usuários poderão baixar filmes ou músicas, bem como fazer videoconferências simultâneas sem problemas na conexão.
No entanto, de acordo com o renomado médico cardiologista e nutrólogo Dr. Lair Ribeiro aonde “o 5G chegar, acabou a saúde”, no qual afirma que nos testes realizados na Holanda “morreram cerca de 500 pássaros em 2 minutos” e que “quem tem implante de titânio, o implante aumenta em 4 graus no implante”.
A radiação do 5G é muito forte, sendo que a tecnologia 2G, 3G e 4G oscilam de 790 MHz a 2,6 GHz e a tecnologia 5G chega a 3,5 GHz.
Esta casa não pode aceitar que a saúde das pessoas seja prejudicada, bem como a morte de inúmeros animais, em especial irá acabar com as abelhas e de acordo com Albert Einstein “se as abelhas desaparecerem da face da terra, a humanidade terá apenas quatro anos de existência”.
Assim, esperamos contar com a aprovação deste Projeto de Lei por Vossas Excelências.
Correto?
Com exceção do primeiro parágrafo, não há quase nada correto na justificativa do projeto de lei. Mas esta é uma oportunidade para esclarecer boatos que estão circulando na internet nos últimos meses, com alegações de que o 5G pode causar câncer, morte de pássaros e extinção de espécies.
A história de que o 5G pode acabar com determinadas espécies surgiu em novembro de 2018. O site de medicina “alternativa” Health Nut News publicou uma notícia relatando que, durante um experimento de 5G na cidade de Haia, nos Países Baixos, 150 pássaros morreram repentinamente. Além disso, patos que nadavam por perto colocaram suas cabeças na água “para escapar da radiação”.
Na verdade, como informa o Snopes, mortes em massa de animais são comuns na natureza, mas acabam sendo usadas em teorias da conspiração porque é difícil explicá-las e sempre têm um tom “misterioso”. Entre 2010 e 2011, por exemplo, a imprensa focou em noticiar mortes de milhares de aves e peixes nos Estados Unidos, Itália e até na costa brasileira.
Não houve nenhum teste de 5G na região quando os pássaros morreram, somente em junho de 2018, mas nada aconteceu com as aves nessa época. E a Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) declara que estudos de genotoxicidade e carcinogenicidade mostram que os efeitos adversos são improváveis em níveis de baixos de exposição à radiação. As restrições básicas para as frequências de 100 kHz a 300 GHz seguem inalteradas desde 1998.
O texto do projeto de lei também parece confundir radiação com frequência, alegando que o 5G é mais perigoso por atingir 3,5 GHz, mais que o usado no 4G. Boa parte dos roteadores Wi-Fi, celulares e notebooks no país já trabalha em 5 GHz. Imagine então quando as redes mmWave chegarem ao Brasil: elas deverão operar no país em 26 GHz. De qualquer forma, se formos além, estudos mostram que não há efeitos adversos com exposição prolongada a ondas de 60 GHz.
Notícias falsas e teorias da conspiração circulam com muita velocidade pela internet, é razoável exigir mais empenho das pessoas em checar informações, especialmente no caso de legisladores.
Fonte: Tecnoblog
A ignorância é mãe de todos os males.
Baseados em fakenews e com vários assessores de gabinete que poderiam fazer uma pesquisa na internet para comprovar a veracidade das informações, os deputados catarinenses apresentam esse projeto sem sentido.
Se for falar em morte de abelhas quem mais matou foi o Bolsonaro e sua ministra da agricultura que liberou em 7 meses de governo 312 agrotóxicos, sendo 146 proibidos na Europa por serem carcinogênicos e teratogênicos. Entre os agrotóxicos autorizados está o sulfoxaflor, responsável por exterminar mais de meio bilhão de abelhas em quatro estados brasileiros entre os meses de janeiro e março de 2019.
Sobre a frase sobre as abelhas do Einstein, apesar de ser relevante, não há evidências em seus estudos de que ele a tenha dito.