Alesc: seminários capacitam para prevenção ao suicídio

Foto: Rodolfo Espínola/Agência AL

A Assembleia Legislativa, por meio da Escola do Legislativo “Deputado Lício Mauro da Silveira” e da Comissão de Prevenção e Combate às Drogas, abriu na segunda-feira (12), em Chapecó, a série de oito seminários do programa “Viver, a Melhor Escolha”. Na Câmara de Vereadores, cerca de 160 pessoas assistiram a palestras sobre a prevenção ao suicídio e a temas intimamente ligados ao assunto, como a depressão.

“Nossa ideia é trabalhar com a capacitação de lideranças políticas, sociais, civis, para que possam estar aptas a enfrentar esse problema nos seus municípios”, explicou o deputado Ismael dos Santos (PSD), proponente dos seminários. Serão mais dois neste ano, em Criciúma e Itajaí, e outros cinco em 2020.

A gravidade das estatísticas de suicídio levou a comissão a considerar importante falar sobre o assunto. “No mundo todo, temos um suicídio a cada 40 segundos. Aqui no Brasil, é um a cada 45 minutos, numa média de 32 suicídios por dia”, alertou o parlamentar. Santa Catarina tem o segundo maior índice de suicídios do país.

A depressão, que acaba surgindo como uma das principais causas do suicídio, também tem dados alarmantes. “Temos hoje 10% da população mundial com depressão grave. No Brasil, são 8% da população”, disse Ismael.

A ideia, segundo o deputado, é diminuir o preconceito e o tabu em torno do tema e jogar luz nesta discussão. “Queremos chamar a atenção para os números, despertar a sociedade para um problema que está aí, camuflado, e sobretudo, buscar trabalhar a capacitação de educadores, de líderes, de pessoas ligadas à igreja, independente da fé, para que possam levar este material. Preparamos uma cartilha chamada “Deserto Noturno”, que é uma ficção, mas que trabalha exatamente com a prevenção à depressão e ao suicídio”, esclareceu.

Calabouço existencial

Para o historiador Everson Mendes, as pessoas não conseguem gerir suas crises pessoais, entram numa situação calamitosa do ponto de vista emocional e acabam encarceradas no que chama de “calabouço existencial”. Na opinião dele, falta inteligência emocional para entender que “você não pode definir o que vai acontecer com você, mas pode definir o que vai fazer com aquilo que está acontecendo com você”.

“Nosso objetivo é que as pessoas não desistam da vida, as crises estão aí para que a gente possa administrar. Coragem não é o mais forte, mas aquele que mesmo com medo continua caminhando”, afirmou.

Equilíbrio

O médico psiquiatra Rodrigo Assunção lembrou que o suicídio sempre foi um tema difícil de lidar. “Há 20 anos, gerava muitos preconceitos e tabus e afastava as pessoas. Hoje não, é preciso falar para tentar vencer ou paralisar este índice alto de suicídios”, disse Assunção.

De acordo com o médico, a maior causa hoje de suicídios é a depressão que não é tratada, tida com preconceitos e espiritualizada em momentos errados. “Acho que temos que ter um equilíbrio sobre isso para poder tratar e vencer”, avaliou. “É muito preconceito. Estamos falando de mais de 15 séculos que a depressão foi tratada como algo espiritual. É difícil você tentar mudar em 50 anos o que foi tratado em 15 séculos”, completou.

Para ele, o caminho é falar abertamente sobre o assunto, porque por muito tempo tentou-se esconder o tema, trazendo consequências para a saúde pública. “Falando sobre esse assunto, a gente descobre que na minha, na sua família, tem gente com ansiedade, com depressão e não há nenhum mal. É uma patologia como a diabetes, a hipertensão, só que precisa ser tratada”, comparou.

O psiquiatra disse ver esse trabalho como “de formiguinha” para tirar o véu que há sobre esse assunto e descobrir que criança pode ter depressão, que adolescente hoje tem o maior índice de suicídio, que ninguém está imune a isso. “A diferença está em ter inteligência emocional para eu reconhecer que preciso de ajuda para vencer este gigante que é a depressão”, finalizou.

Fonte: Agência AL

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