Durante pouco mais de uma hora, na condição de convidado, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) prestou depoimento na CPI que investiga supostas irregularidades nas obras de recuperação da Ponte Hercílio Luz, o principal cartão postal de Florianópolis.
Sem advogados, o ex-governador usou de alguns minutos para fazer uma apresentação inicial, para depois responder as perguntas dos parlamentares, em especial de Bruno Souza (sem partido), relator e proponente da Comissão Parlamentar de Inquérito.
Bruno foi incisivo nos questionamentos e Colombo manteve o timbre de voz. Falou que acompanhava de perto os trabalhos da Obra, mas a responsabilidade do dia a dia era do secretário de Obras e do presidente do Deinfra, além das empresas contratadas.
Colombo disse que todas as vezes que surgiam denuncias, ele reunia-se com a equipe de governo para analisar.
O relator centrou as perguntas na relação do Estado com o Consórcio Florianópolis Monumento, que foi responsável pela obra até 2014. Colombo disse que foi ele, como governador, que encerrou o contrato, por conta de incapacidade técnica.
“A obra se consolidou quando tiramos o consórcio”, disse.
O aditamento do contrato foi de responsabilidade do colegiado do Deinfra – diretoria e engenheiros -, disse Colombo, ao responder uma pergunta sobre um “plus” no contrato em 2012.
A única hora que percebi uma alteração no tom de voz do ex-governador foi ao responder a pergunta sobre a morosidade do serviço em 2012, “a pior média”, segundo o relator. “O canteiro de obras e o serviço estava praticamente parado e não era uma realidade eventual. Por que o contrato não foi rescindido neste momento, não era hora de dar um basta?”
“Aí é a responsabilidade da gente. Vi estes dias a imagem do prefeito do Rio de Janeiro derrubando uma obra com retroescavadeira. Eu poderia ter feito isso, aparecer nas capas dos jornais e talvez essa pergunta não existisse. Mas é a responsabilidade da gente, para tentar evitar uma pendência jurídica, mesmo com o desgaste que gera esta pergunta” e “a resposta efetiva é. O contrato foi suspenso, nova empresa foi licitada e a obra está pronta para ser inaugurada”, falou Colombo, visivelmente contrariado, mas sem elevar a voz.
Na reta final, o relator Bruno Souza perguntou se Colombo tinha oferecido ou recebido alguma vantagem pessoal com a obra. “Com toda certeza, não”, resumiu.
Foram quase 50 minutos de questionamentos do relator. Depois, rapidamente alguns outros integrantes da CPI fizeram questionamentos curtos, por mais 15 minutos.
O depoimento foi transmitido ao vivo pelo Facebook da Assembleia Legislativa e pode ser conferido aqui. Vale um registro da iniciativa do parlamento, de dar transparência ao depoimento de um ex-governador numa comissão de investimento.
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