André Jenichen
Advogado
A teoria das janelas quebradas ou “broken windows theory” é um modelo norte-americano de política de segurança pública utilizada para o enfrentamento e combate ao crime. Segundo essa teoria, a desordem é um fator de elevação dos índices da criminalidade. Se não forem reprimidos, na raiz, os pequenos atos e delitos, inevitavelmente, condutas criminosas mais graves surgem e, aos poucos, tomam conta de toda a cidade.
Ao citar esta teoria, traço um paralelo sobre a situação vivenciada hoje em dia em Blumenau. A percepção que temos é de que a cidade está abandonada, largada à própria sorte. Sem cuidados mínimos. Ruas, ciclovias e calçadas, mesmo na região central, estão em estado de calamidade. Nos bairros, então, nem se fale. Pichações, mato, obras paralisadas tornaram-se coisas comuns.
E o que falar do nosso transporte coletivo público? Não me venham com o discurso/desculpa de que se trata de um contrato emergencial. Emergencial deve ser a atuação do poder público em buscar alternativas dignas para a população. Emergencial não pode servir de desculpa para os péssimos serviços que estão sendo prestados para a população. Emergencial não pode justificar imoralidades e concessão de inúmeros benefícios para a empresa contratada. Mas vamos deixar estas questões para a análise do Ministério Público.
O fato é que está evidente, para nós moradores da cidade, que a qualidade que tínhamos no passado, já não existe mais.
Blumenau, infelizmente, está decadente, feia. Há sérios problemas em todos os bairros. As pessoas não são atendidas com dignidade merecida. Servidores públicos estão descontentes. O planejamento urbano é feito desordenadamente e em retalhos.
Pergunto: cadê aquela cidade que foi modelo na década de 70, com um dos primeiros planos diretores do Brasil.Onde está a cidade que se orgulhava de sua arquitetura, de ser reconhecida pelo zelo nas obras, públicas e privadas, dos jardins impecáveis?
E o projeto Blumenau 2050, que contava com a promessa eleitoral de continuidade pelo atual governo, foi esquecido, abandonado, também? Planos de governo, em detrimento de planos de cidade, representam desperdício de tempo e dinheiro público. É política velha. No passado, a cidade funcionava.
Havia um sentido, um rumo. Ordem nas coisas. Agora isto não existe mais.
Mas, voltando à teoria das janelas quebradas, a continuar nesta toada, neste marasmo generalizado, logo logo, não teremos mais turistas – os poucos que ainda nos visitam – nem pessoas interessadas em investir na nossa cidade, na geração de empregos.
Dá para entender onde quero chegar? Evidente que em sã consciência todos nós queremos e desejamos o melhor para nossa cidade, mas, para isto, precisamos de um comandante que tome as rédeas da cidade. Que dê um norte, um caminho.
Do jeito que a coisa anda …
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