Daniela Sarmento
Arquiteta, urbanista e professora universitária
A sociedade contemporânea atravessa um momento histórico de profundas mudanças, em momentos assim, muitas vezes vale mais as perguntas do que respostas rápidas e dar espaço ao contraditório e a reflexão talvez sejam o melhor remédio.
Neste sentido, para o dia 08 de março quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, talvez seja mais relevante levantar algumas questões que podem provocar um novo olhar para aquilo que parece certo, como por exemplo,reduzir o dia da mulher em homenagens coloridas enaltecendo apenas a beleza e a felicidade feminina.
Desta forma o texto se estrutura trazendo perguntas para ampliar os olhares e quem sabe contribuir para ampliar a compreensão sobre o papel da mulher diante das desigualdades do mundo em pleno século XXI, considerando os avanços tecnológicos, sociais e culturais que estamos sendo capazes de produzir.
Para realizar esse exercício, seguem algumas provocações:
Por que as mulheres estão ausentes ou particularmente invisíveis em vários ambientes de decisão?
Por que as mulheres estão isoladas das esferas de decisão política, econômica e social, considerando que representam a metade da capacidade criativa e qualitativa dos meios de produção?
Por que a maioria das mulheres recebe menos que os homens, mesmo exercendo a mesma atividade?
Por que as mulheres representam em maioria a população mais pobre e vulnerável diante dos ambientes de miséria no mundo?
Por que as mulheres são expostas a violência, e porque esses índices de agressão vêm aumentando, principalmente para realidade das mulheres negras?
Por que a maioria das políticas públicas é desenvolvida considerando a ideia cristalizada da família nucleada, onde a mulher permanece responsável pelas atividades da esfera privada?
Se a cidadania é um direito de todos por que as mulheres enfrentam obstáculos para usufruir das cidades com segurança e liberdade nos espaços públicos?
Como avançar e vencer tais contradições que se arrastam ao longo do tempo?
Qual é o seu papel nessa história?
Seja o primeiro a comentar