O finado ex-governador, Luiz Henrique deve, do plano que estiver, repetir várias vezes: “burros, burros, burros…” aos emedebistas deputados e líderes do partido que não travaram uma discussão e/ ou não votaram contra o fim da descentralização administrativa do governo de Santa Catarina. O modelo conduziu o partido ao poder, mudou de maneira drástica a relação dos catarinenses com o desenvolvimento e, no âmbito partidário, permitiu ao MDB a construção de um discurso, de uma bandeira… hoje, enrolada e jogada no lixo.
Sobre a descentralização eu escrevei anteriormente e não vou me aprofundar. Você pode ler o texto clicando no link.
Antes mesmo de votar o fim da descentralização, os deputados já haviam enfraquecido o modelo, alterando o status das secretarias de desenvolvimento regional, encolhendo a importância dos conselhos e centralizando as decisões do progresso local. Com a ruptura total imposta pela gestão do governador Moisés, sem resistência dos parlamentares, foi-se o discurso e a ideia criada em 2003 de que era benéfico um governo perto de você. Fazendo do MDB é um passageiro de sua própria agonia longe do alto poder catarinense.
Parece, aos olhos de quem apenas observa distante, que o partido crê unicamente no capital político que acumulo ao longo da sua história. Pois, além de afastar o que defendia até um certo tempo, deixa de gerar uma discussão que pode produzir benefícios no aprimoramento da máquina pública. Lembrando que, mesmo longe do Governo do Estado, é o MDB o partido que possui o maior número de prefeituras sob sua gestão.
Se um partido representa ideias, se uma agremiação precisa defender um lado, uma vez que sua existência é para propor uma visão da maneira de administrar a coisa pública, nada mais imprudente que jogar fora o único Sebastião que poderia leva-lo aos locais que se propunha. Afinal, como se opor a um modelo se não é capaz de oferecer um outro para colocar no lugar?
O partido precisa rediscutir muitas coisas e deveria começar repensando sua atuação, a formação de novos quadros e a capacitação de suas lideranças. O mundo é outro desde os tempos de sua fundação. Se lá no início a luta era pela democracia, agora talvez seja o momento de trabalhar para o aprimoramento do processo. Hoje é preciso bem mais que coragem para enfrentar estruturas e carisma para conquistar votos. Além de um nome, é preciso o pensamento, a clareza e o movimento de uma bandeira. A identificação com esta causa é que o que arrasta multidões. É isso o MDB jogou fora.
Da redação: este é o segundo, de uma série de três artigos de Tarciso de Souza. O primeiro você lê aqui.
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