O título se refere a matéria publicada na Revista Veja, Edição 2074, de 20 de agosto de 2008.
A educação no Brasil sempre foi alvo controvérsias, nossa história traz uma série de “desgraças” educacionais. De 1500 a 1822 não éramos um Estado moderno, tampouco, os portugueses estavam preocupados em fornecer educação letrada a seus colonos, papel que foi incorporado pela Igreja Católica na esperança de transformar os nativos em crentes unitários da fé cristã.
Assim, a educação letrada no Brasil tem seu início marcado pela relação entre fé cristã e a educação intelectual.
Marques de Condorcet, (1743-1794) matemático e filosofo iluminista, defendia que a educação deveria ser laica e gratuita para todos, fornecida pelo estado, com um currículo independente, orientado para o estudo da ciência, dos ofícios e das técnicas. Com o fortalecimento de tais ideias na Europa e sua expansão além-mar, chega no Brasil muito distorcida de sua teoria.
Ainda no pensamento iluminista, destacamos que a educação tinha que ser organizada para promover o desenvolvimento pleno das capacidades humanas e possibilitar a ascensão social dos indivíduos, então por que falhamos ontem e continuamos falhando hoje?
A resposta parece ser complicada, mas não é. Claro, o Brasil independente e posteriormente a República de “banana” que foi implantada, ligava os interesses das elites ao Estado, ou seja, no início da República brasileira os cafeicultores tinham tanto poder político em suas mãos que era difícil saber se estávamos no início do século XX ou no tempo do rei Luis XIV, aquele mesmo do século XVII que teria dito, “o estado sou eu”. Difícil imaginar nossa sociedade “Republicana”, que deveria atender os interesses do povo, mergulhada no mais baixo autoritarismo à lá regime antigo.
Nessa perspectiva, nossa educação letrada nasce, (nasceu entre aspas), a constituição “do povo” outorgada em 1891, onde falava que a educação deveria ser laica, respeitando a ideia iluminista, porém não aparecia na constituição como obrigatória, portanto isentava o Estado da responsabilidade de criar políticas amplas de educação gratuita. Levando em conta o significado de República, do latim, coisa do povo (Res Publica), o ideal de educação parecia estar bem distante deles.
Esse período da República, foi chamado de República Velha pelos historiadores, terminou com a revolução de 1930, que derruba a oligarquia cafeicultora e planta no cargo de presidente o gaúcho Getúlio Vargas.
Do governo Vargas aos dias de hoje, muitos avanços significativos aconteceram é verdade, porém, a raiz do problema da educação ainda não morreu, pois, os governos ainda são de certa forma oligárquicos, visão o lucro de grandes empresas e não governam de fato para o seu povo, quando governos populares assumem o poder, resolvem investir massivamente no ensino no superior. Caso do PT (2002-2016), quando a base ainda é carente.
Para resolver o problema da educação o poder político tem que de fato estar na mão do povo. Seus representantes devem assumir o papel de intermediadores entre as políticas públicas na área, aliando aos interesses do povo e claro com investimento massivo em estrutura, formação e desenvolvimento intelectual.
Seja o primeiro a comentar