Que os EUA é um país racista isto não se discute; que o Brasil é um país racista e hipócrita, este é outro fato que não dá para se negar, nem um só minuto que se queira imaginar. Mas o fascismo no contemporâneo se alastra democraticamente da direita à esquerda e vice-versa. No último dia 7 do mês de junho do corrente ano (2020) manifestantes no sul da Inglaterra, em protestos antirracistas, derrubaram a estátua de Edward Colton e conduziram a nobilíssima obra de arte, patrimônio histórico, ao córrego local. E assim o fizeram com a justificativa de que o mesmo era um traficante de escravos em sua época.
Oras, em verdade eu vos sempre digo: quantos revolucionários serão necessários para criar o cenário perfeito para emergência do caos e assim justificar forças reacionárias e totalitárias?
Na contemporaneidade o racismo é indiscutivelmente inaceitável, mas as narrativas e o patrimônio histórico precisam ser respeitados. Se este raciocínio estiver incorreto o brasileiro médio pode ser considerado a última joia da civilização, pois conseguiu resolver 500 anos de História escravagista, que teve por base a família real, com um único e formidável incêndio que deixou apenas os alicerces e as paredes do Palácio Real em pé, na Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro. Meus parabéns a esquerda brasileira pelo feito e aplausos aos envolvidos. Em especial aos professores universitários que comandavam a Universidade Federal do Rio de Janeiro na época e sempre formam apoiadores de um governo cleptocrata que pouco ou nada fornecia a manutenção do referido museu, mas sempre dispostos a greves intermináveis sempre em defesa deste mesmo governo.
Como disse certa vez o filósofo Walter Benjamin: “Nunca houve um monumento da cultura que não fosse um monumento da barbárie”. Isto se dá porque a cultura se constrói a partir da domesticação violenta dos corpos, sendo parte constitutiva da condição humana. Será que precisaremos de uma violência suprema para extirpar a raça humana da face do planeta para que não haja mais um único ato violento? Acredito que não será preciso, a maior pandemia do século já nos dá o aviso apocalíptico (revelação) deste mundo vindouro. Pois ter fé de que alguém neste século irá aprender algo com a História é ser muito otimista.
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