Situação das escolas privadas de educação infantil repercute na Assembleia Legislativa

A questão dos problemas enfrentados pelas escolas privadas de educação infantil durante a pandemia teve destaque no Plenário da Assembleia Legislativa. Nesta quinta-feira (13) foram debatidas a necessidade de uma linha de crédito para o setor, que enfrenta grave crise, e a retomada do funcionamento de creches e berçários, para garantir tranquilidade às famílias das crianças de zero a três anos de idade.

“Para os pais isso é de extrema importância, pois hoje é o 147º dia de tudo fechado e eles não têm mais com quem deixar os filhos. E a linha de crédito é preciso fazer, pois as escolas têm impostos a pagar, vencimentos de funcionários e aluguéis vencendo”, defendeu o deputado Kennedy Nunes (PSD). De acordo com ele, o setor representa em Santa Catarina 500 mil alunos em 800 escolas particulares, que geram 40 mil empregos, sendo que a maioria dos postos de trabalho são ocupados por mulheres. Isso, afirmou o parlamentar, movimenta a economia catarinense em R$ 10 bilhões por ano.

“Se o governo não estender a mão, esses 500 mil alunos vão para a rede pública, quando a situação voltar ao normal. E os 40 mil empregos não serão absorvidos pelo governo, que terá de incluir mais R$ 10 milhões na economia”, argumentou. Na avaliação de Nunes, falta ao governo diálogo com o sindicato das escolas. “A pior das respostas é o silêncio. É preciso chamar, colocar às claras. As crianças do berçário e do maternal estão sendo vetor de transmissão, pois de dia ficam com os avós ou alguém que não pode sair de casa. À noite voltam com os pais que estiveram nas ruas, e se eles estiverem contaminados no outro dia passam a vetor para quem cuida dos filhos.”

Líder do governo na Alesc, a deputada Paulinha (PDT) informou que está discutindo com o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli, sobre a possibilidade de buscar um aporte financeiro para as escolas de educação infantil privadas. O deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB) demonstrou preocupação com a volta às aulas e citou o exemplo de Israel, onde as unidades de ensino passaram a ser um grande foco de contaminação da Covid-19. Por outro lado, alegou, o assunto exige debate. “A sala de aula é algo sublime e importante para o desenvolvimento de relações humanas e a preocupação é real. Como vai subsistir esse tipo de atividade?”, questionou. Para ele, a opção das creches poderem voltar é de alta relevância.

Na opinião do deputado Milton Hobus (PSD), existem dois pontos muito críticos. “Um é a possível quebradeira das escolas particulares. Outro é mais grave principalmente nas comunidades da classe trabalhadora, nos bairros onde os pais estão trabalhando e as crianças estão em casa sendo cuidadas por outras crianças de sete ou oito anos. Isso é um crime que está acontecendo”, destacou. Para o representante do Alto Vale do Itajaí, se não forem criados protocolos para a reabertura de creches e berçários, o Estado vai viver “problemas muito graves com essas crianças que estão ficando abandonadas sem necessidade”.  Hobus alertou que, se os pais não vão trabalhar, perdem o emprego.

Sobre o tema, a deputada Luciane Carminatti (PT) relatou que já fez uma reunião com as associações nacional e estadual das escolas de educação infantil privadas. “Estamos tratando com o secretário Paulo Eli sobre a linha de crédito. Mas a maior dificuldade é o cadastramento do CNPJ dessas escolas e número de profissionais e alunos atendidos. Tenho hoje à tarde uma segunda reunião com esse grupo de escolas para tratar disso.” De acordo com ela, existem atualmente cinco grupos de trabalho reunindo integrantes dos setores de educação e saúde, além das creches privadas, escolas públicas, governo do Estado para a elaboração dos protocolos de volta às aulas presenciais. “Já temos o primeiro formalizado, que é o da educação profissionalizante, superior, formação de jovens e adultos. É um documento de 140 páginas, mas para o infantil ainda estamos elaborando.”

Fonte: imprensa ALESC

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