Opinião: Um cabo eleitoral improvável

Foto: Reprodução

As últimas pesquisas opinião sobre o Governo Bolsonaro confirmam as intuições relativas ao surgimento do Bolsonarismo Social. É que segundo o levantamento realizado pelo Datafolha (11 e 12/08/2020) a guinada social do Bolsonarismo fortaleceu o Governo Bolsonaro. De acordo com a pesquisa, 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, diante de 32% na pesquisa realizada anteriormente (23 e 24/06/2020). Mas, sobretudo, verifica-se uma queda acentuada na curva da rejeição que passou de 44% para 34% dos que o consideravam ruim e péssimo no período (Figura 1). Este processo está relacionado a três fatores principais:

  • Anabolizantes Econômicos: os efeitos da Auxílio Emergencial. Segundo os dados disponibilizados pelo site Transparência Brasil de julho de 2020 o Auxílio Emergencial atingiu 65.215.024 pessoas a um custo de R$ 115.785.707.400,00 – vale a pena consultar. Ou seja, 1 em cada 2,5 pessoas! 41% das pessoas com mais de 18. O Auxílio Emergencial acabou se transformando no maior programa de transferência de renda no Brasil! Assim, paradoxalmente, embora o Auxílio Emergencial tenha sido proposto pela oposição, acabou beneficiando o Presidente Jair Bolsonaro que foi ele quem outorgou.
  • Bolsonaro Cordato: a desativação da Máquina de Ódio e a contratação do Centrão. O Presidente Bolsonaro parece ter abandonado a agenda do Bolsonarismo Ideológico de saneamento moral da política brasileira e o embate institucional pelo processo de cooptação política. Com isso a presidência deixa de ser uma máquina de problemas e o governo federal começa a operar as políticas. Ou seja, a mudança da postura do Presidente Jair Bolsonaro. A emergência do Bolsonaro Cordato evita que o presidente continue criando problemas para o seu próprio governo. Afinal, quanto menos fala maior a aprovação! 
  •  Barata Voa: a oposição não conseguiu aproveitar as trapalhadas do Governo Bolsonaro. Revela que as estratégias de confrontação não conseguem criar uma proposta política alternativa. Por um lado, indica que o cerco institucional não garante apoio ao impeachment; por outro, a histeria identitária nas mídias sociais não enfraquece a imagem do governo. Dito de outra forma, pressão institucional e denúncia ideológica não são suficientes para estabelecer uma estratégia organizada de oposição ao Bolsonarismo. Por isto, a oposição perdeu a capacidade de mobilização social. 

Ou seja, a pesquisa demonstra que o assistencialismo econômico, a contenção do personalismo e imobilismo da oposição são excelentes cabos eleitorais. É por isto que a imagem do Presidente Bolsonaro está se fortalecendo na região Nordeste. Afinal, se nas eleições de 2018 a diferença entre os votos em Fernando Haddad e Bolsonaro foram de quase 4/1, atualmente a expectativa é que chegue a 2022 em 2/1. Isto explica também porque nas últimas semanas aumentaram os convites de políticos nordestinos para que o presidente visite as suas bases regionais. Tudo indica, portanto, que o Governo Bolsonaro parece decidido a abraçar o clientelismo político.

Assim, enquanto no lado de fora do Governo Bolsonaro os resultados da pesquisa causaram um choque na oposição. Já, no lado de dentro, o grande desafio do Bolsonarismo é manter ativo este cabo eleitoral. Ocorre, contudo, os anabolizantes econômicos custarão cerca de 250 bilhões… Este processo passa, evidentemente, pelo Congresso, pela Reforma Tributária e, claro, pelo Teto de Gasto. Ou seja, envolve o recrutamento, alinhamento e estabilização de interesses muito, muito heterogêneos. É de se esperar, neste sentido, que as disputas convirjam para a questão fiscal. Afinal, o custo político de retirar o benefício é sempre maior que conceder.


O paroxismo político da situação é que diante de uma recessão brutal a desigualdade social diminui! Apesar da inoperância administrativa, das denúncias jurídicas, do embate institucional, da incompetência política, apesar de tudo isso, o Governo Bolsonaro segue em frente! Afinal, como todos sabem a agenda política do Brasil Profundo é renda e ordem. As vezes a ordem precede a renda, e as vezes a renda precede a ordem, mas são sempre renda e ordem. Por isto, qualquer governo que minimamente conseguir prometer (produzir esperança) de renda e ordem estará blindado politicamente (Figura 2). Revela, portanto, que a campanha eleitoral de 2022 já começou.

1 Comentário

  1. Amigo, eu quero ver quando acabar a festa dos 600 e do FGTS!
    As varejistas que o digam! pois metade desses recursos estão indo para eletrodomésticos! e não comida, vestuário e outras prioridades básicas. Brasileiro reclama porque é perito em desperdiçar!
    Isso tem impulsionado até a bolsa com a migração também de novos investidores fugindo das perdas da poupança e renda fixa-DI derrotadas pela inflação agora.

    E Bolsonaro quem é? é apenas mais um fantoche do sistema complexo de forças que dominam o Brasil… banqueiros, stf, China, Congresso, grandes grupos econômicos e agora militares.
    O remédio imediato seria uma ampla reforma administrativa pra alavancar a economia:

    CORTAR PRIVILÉGIOS, PENDURICALHOS E SUPERSALÁRIOS NA CÂMARA DOS DEPUTADOS, NO SENADO, NO JUDICIÁRIO, NO STF, NOS MILITARES E NO FUNCIONALISMO PÚBLICO BLINDADO. Esses MARAJÁS SÃO A CAUSA DA QUEBRA FISCAL NO BRASIL! Sendo feita essa reforma com êxito, terá muita sobra de dinheiro! mas isso não depende de um presidente, ainda que deseje, e sim do Congresso num todo! e ainda que passasse tais transformismos históricos e dignos, o STF, um dos mandantes ativos desta nação, iriam bloquear. Não por menos o Poder Judiciário consome 1,25% do PIB Brasileiro. A média mundial é de 0,25%.

    Mas tal reforma, nem a DIREITA nem a ESQUERDA JAMAIS quiseram fazer! será por que hein…!?

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