Opinião: funciona assim…

Era uma vez um político fanfarão, que mesmo fazendo a vida política por mais de 30 anos conseguiu se eleger presidente com um discurso antipolítica. Dizia ser parte da nova política e rapidamente conseguiu um exército de apoiadores, todos crentes que ele era uma espécie de enviado divino. Na campanha, prometeu acabar com as negociatas e com “toma-lá da cá”.

Passados pouco mais de dois anos, ele esqueceu da nova roupagem e retornou para onde sempre viveu, os braços do centrão. Logo na primeira oportunidade, para frustração dos seus mais apaixonados eleitores, ele indica ao Supremo Tribunal Federal um juiz atrelado a esse grupo político.

No dia em que esse juiz vai ser sabatinado no Senado Federal, o presidente fanfarão dá uma declaração dizendo que não compraria vacinas da China. Fez isso contrariando seu Ministro da Saúde – o mesmo que disse não conhecer o SUS até assumir a pasta. Até ai tudo certo, o presidente costuma contrariar seus ministros. A questão é que a vacina ainda está em teste, ou seja, ainda não existe. A declaração do presidente causou excitação geral.  Os apoiadores, que estavam confusos com a indicação do juiz, vibraram. Tá certo, nada de comprar vacina de comunista. Os opositores condenaram: Genocida! Tá negando vacinas para a população. Os jornais noturnos não falavam de outra coisa. Eram como piranhas devorando a carne fresca que foi oferecida pelo fanfarrão.

Assim, o juiz representante do centrão foi tranquilamente sabatinado e pela câmara alta da República e aprovado por um placar de 57 a 10. Só não participou da votação aquele senador que foi flagrado com dinheiro investido nos fundos. Desde que foi flagrado com dinheiro no bumbum está afastado por motivo de saúde. Claro que mantém todas a regalias. O juiz agora, espera apenas que a nomeação seja publicada no Diário Oficial para ocupar uma vaga no STF, a qual poderá ocupar por 27 anos. E os eleitores? Ah, os eleitores estavam entretidos debatendo a vacina.