O Egídio Beckhauser é um cara do esporte, de organizar e liderar equipes, em especial no futsal. Mas ao contrário que o imaginário universo esportivo nos remete, daquela efervescência toda, aquele ambiente agitado, Egídio é um cara de fala baixa, mais ouve do que fala e tranquilo, mas incisivo em suas posturas. E com uma enorme capacidade de aglutinação e articulação.
Pelo menos tem sido assim desde que passou a ocupar um cargo político, ao assumir a Fundação de Esportes, hoje secretaria de Esportes, ainda na gestão Napoleão Bernardes (então PSDB) e depois Mário Hildebrandt (Podemos), quase quatro anos.
Construiu uma base política e eleitoral, alicerçada no esporte mas com ramificações em diferentes setores, incentivado por algumas lideranças para ser candidato a vereador. Lembro quando, bem lá atrás, conversei com ele sobre aquele ainda projeto e comentávamos sobre a dificuldade de eleger-se e ele sempre foi muito pé no chão, fazendo questão de dizer que só disputaria se tivesse a certeza de ter uma candidatura competitiva.
Num cenário adverso, com mais de 350 candidatos, concorrendo num partido pequeno, o Republicanos, ele foi para a disputa. E surpreendeu, recebendo 2.773 votos, sendo o quinto mais votado.
E com seu jeito quieto, “comendo pelas beiradas”, surpreendeu novamente ao tornar-se presidente da Câmara Municipal, apoiado por vereadores eleitos pela oposição ou considerados independentes, numa composição que ninguém esperava.
Sabia que, eleito no arco de alianças do projeto de reeleição de Mário Hildebrandt (Podemos), tinha poucas chances de buscar um espaço na Mesa Diretora, menos ainda a presidência. Afinal, na sua frente, estavam vereadores reeleitos como Alexandre Matias (PSDB), Marcelo Lanzarin (Podemos) e até Marcos da Rosa (DEM), experientes e bastante próximos do prefeito.
Mas logo depois do anúncio da composição – que diga-se de passagem, não foi feita ao seu estilo, pelo estardalhaço antecipado – e agora depois de ter seu nome confirmado para comandar o Legislativo, busca sinalizar para todos os lados, com a proposta de conciliação.
Em entrevista ao final da solenidade, que infelizmente não podemos usar pois o áudio ficou ruim, fez questão de saudar a democracia, lembrar que foi secretário de Esportes de Mário Hildebrandt e elegeu-se no arco de alianças do projeto de reeleito, sinalizando sua postura. “Nossa proposta é dar governança ao Executivo e também trabalhar em prol do povo, sem situação e oposição. Quero aproximar o Legislativo da população”, disse, sempre afirmando que sua bandeira será o cidadão blumenauense.
Terá uma tarefa gigantesca, que é se mover numa Câmara de Vereadores bastante dividida, onde a oposição promete dar trabalho para a administração Mário. Larga com a marca da Independência, que aliás é o nome dado para a chapa que ele liderou e venceu.
Egídio disse ainda que trabalhará pelo esporte, lembrando a importância para o desenvolvimento do ser humano. “Falar do esporte é falar de segurança, saúde e educação”, disse no seu discurso de posse.
Promete revisar situação do aluguel da Câmara. “É um compromisso de campanha meu”, defendendo a necessidade do Legislativo ter um espaço próprio.
Vai ter cargo comissionado para todos, as articulações para eleição da mesa diretora faz com que quem era oposição nas eleições, agora pede benção.