Que caminho ou caminhos a educação brasileira está tomando?
Esta talvez seja uma pergunta presente na cabeça de grande parte dos educadores e da sociedade em geral. Mas ao pensar um pouco sobre a questão surge uma primeira iluminação, na verdade a pergunta correta seria: que caminho o poder dominante quer que a educação tenha?
Agora sim, fica mais fácil encontrar uma resposta, e ela vem de forma direta quando olhamos para a forma como o governo vem trabalhando com a educação.
A palavra educação tem sua origem do latim educare, educere, que significa “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”, isso quer dizer, com o fim de provocar nos estudantes a atitude de sair e aprender a conviver em sociedade, a estar e atuar nela, a entendê-la, questioná-la, e com o questionamento encontrar pontos de melhoria e buscar a sua transformação.
Mas analisando o tipo de governo que temos fica claro que esta não é a intenção, de promover o “conduzir para fora”, de promover a participação, o questionamento e a mudança. Vivemos um governo que é favorável ao interesse econômico, ao capital, ao mercado de trabalho com o fim de produzir mão de obra qualificada para atender as demandas do mercado.
Soma-se a isso a frequente fala sobre as conquistas e benefícios obtidos no regime militar das décadas de 60 e 70, onde a educação era vista e tinha como objetivo produzir mão de obra qualidade para atender ao que o mercado de trabalho buscava em termos técnicos apenas.
O objetivo e a preocupação era a formação de excelentes técnicos, capazes de desenvolver a sua função e entregar a produção da melhor forma possível, mais rápida, em maior quantidade, com menos desperdício, gerando assim mais retorno econômico, não para o técnico, mas sim para o detentor dos meios de produção.
E essa é a mesma linha que segue o governo atual, sua preocupação e direcionamento está na formação técnica, de pessoas técnicas capazes de operar processos, máquinas, engrenagens, com habilidades técnicas, mas não humanas.
Este governo não tem a preocupação de formar pessoas com habilidades de “condução para fora”, de espírito crítico, de questionamento, de participação e ação na mudança do que está errado na sociedade, das desigualdades, das injustiças, pois este conduzir para fora poderia levar a um questionamento sobre o próprio modelo de governo ou mesmo o sistema de mercado existente.
Por isso disciplinas humanas e sociais não são valorizadas, condições de ensino e aprendizagem não recebem investimento e professores pessimamente reconhecidos.
Existem caminhos diferentes para a educação, mas o caminho escolhido é cheio de pedras, poeira e muito difícil para quem o percorre, estudantes, professores e sociedade.
E o destino? Ah, este já se anuncia, ao final de um dia depois de percorrer um caminho tão dificultoso só resta a exaustão, onde o destino para um corpo que não se aguenta em pé é a televisão, absorvido como um zumbi por qualquer entretenimento que compense um pouco o sofrimento vivido.
Comecei a ler o texto com interesse , logo no inicio me deparei com a frase ” Mas ao pensar um pouco sobre a questão surge uma primeira iluminação, na verdade a pergunta correta seria: que caminho o poder dominante quer que a educação tenha?”.
E a continuidade foi pior , que pena .
Não é este governo que não trata a educação como deveria , foram todos os governos , que não investem em educação , que não valorizam os professores , que despejam fortunas em faculdades federais para formar pessoas que jamais irão prestar serviço gratuito a população que pagou pelo seus estudos .