Na semana anterior à Cúpula do Clima estive em Fraiburgo, cidade famosa no Brasil pelo cultivo da maçã. O que ouvi dos produtores me chamou a atenção: lá o clima está mais quente e isso tem prejudicado muito a produção da fruta. Por causa dos dias mais quentes, Fraiburgo já não produz mais tanta maçã e com tanta competitividade como já produziu.
Esse exemplo demonstra claramente que os impactos econômicos e sociais decorrentes das mudanças climáticas não podem ser ignorados por lideranças políticas, empresariais, sindicais e da comunidade de modo geral. Gostemos ou não, estamos desenhando as regras de vida da sociedade do futuro. Até porquê as estimativas são de que a economia mundial deve perder até 18% do PIB com as mudanças climáticas se nenhuma ação for tomada. E isso, evidentemente, afeta a todos.
Particularmente em Santa Catarina deve haver uma preocupação de caráter econômico e social em relação ao desmatamento da Amazônia. Conversando com muitos parlamentares da Frente Parlamentar da Agricultura no Congresso Nacional, com lideranças do agronegócio e com especialistas no tema, a constatação é que o desmatamento da Amazônia pode provocar uma grande mudança no regime de chuvas do Centro-Sul do Brasil.
Como sabemos hoje, a umidade vinda da Amazônia é a grande chave para o regime pluviométrico que possuímos. O crescimento do desmatamento deverá provocar uma drástica redução das chuvas nessa vasta região do agronegócio brasileiro, com ameaças significativas a sua sobrevivência.
Se já vivemos sérios problemas com as seguidas estiagens no Oeste e Meio Oeste Catarinense (e em alguns momentos até no litoral), prejudicando nossa produção agropecuária e até mesmo o abastecimento de cidades, o quadro pode se complicar substancialmente num futuro muito próximo.
Santa Catarina deve ter protagonismo neste debate global e participar. Afinal, temos tudo a ver com isso. Os produtores de maçã de Fraiburgo estão aí para provar.
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