Os vereadores Bruno Cunha (Cidadania) e Professor Gilson (Patriota) tem uma trajetória parecida na Câmara de Blumenau, que os acabou unindo no primeiro mandato. Uma união que ultrapassava a política e que acabou gerando um laço de amizade e admiração mútua dos agora vereadores reeleitos. Eles sempre fizeram questão de manifestar estar amizade.
A união garantiu inclusive uma inusitada virada na eleição da Mesa Diretora na segunda metade da Legislatura passada, quando a Prefeitura contava como certa a eleição do então líder do Governo Alexandre Matias (PSDB) como presidente da Casa.
Nesta Legislatura, os dois prometiam trabalhar pautas conjuntas, mas a composição para a eleição da nova Mesa Diretora os colocou em lado opostos. Bruno não queria estar do lado da chapa governista e Gilson ao lado do vereador Almir Vieira (PP). A chapa de Bruno e Almir e companhia venceu e a amizade azedou, com troca de farpas e acusações nos bastidores.
E desde lá a situação piorou, com o vereador do Patriota se aproximando da administração Mário e o do Cidadania aumentando o tom das críticas.
Na sessão desta terça-feira, 4, a coisa desandou, durante a votação de um projeto de remanejamento do orçamento por parte do Executivo, que apesar de prática comum, dava margens à interpretações, como bem lembradas pelo próprio Bruno e os colegas Tuca dos Santos (NOVO) e Carlos Wagner (PSL).
Novamente os dois estavam em lado opostos.
Na defesa do voto contrário ao projeto do Executivo, Bruno Cunha usou expressões como “Muito bla bla blá de base governista”, insinuou que o projeto buscava “tirar dinheiro da merenda” e “me surpreende alguns que defendem a educação ter esta posição”, claramente se direcionando ao vereador Gilson.
No final da fala, o tempo esquentou, de forma mais pesado, de parte do vereador Gilson, inclusive com um palavrão, pelo que falou em uma questão de ordem o vereador Adriano Pereira (PT), como representante comissão de ética, falando de um eventual palavrão “mandar outro se “…”, expressão que teria sido usada.
“Fui destratado”, “ultrapassa os deveres da civilidade”, peço uma retratação, com respeito ao histórico de amizade que já tivemos, afirmou Bruno, também fazendo uma questão de ordem.
Conversei com Bruno Cunha logo depois da sessão e ele estava chateado, dava para sentir pela voz. Ele disse que preferia não falar, que o clima foi pesado, mas estavam conversando e afinando as coisas, por conta da amizade que sempre tiveram.
Mesma coisa me escreveu em mensagem o vereador Gilson, também bastante chateado, preferindo não esticar. “…tá tudo resolvido e não quero falar sobre esse assunto.”
Independente das questões políticas, Bruno e Gilson são humanos e representam uma visão mais arejada dos políticos. Podem e devem divergir, mas sabem que passaram do tom. Fizeram um bom primeiro mandato e tem todas as condições de repetir neste segundo, juntos ou cada um por si. Tomara que cicatrizem as feridas.
Na política não existem amigos, existem interesses , esta aí mais uma prova . Mas também não apoiaria a atual composição da mesa diretora .
Vereador não tem que ser situação ou oposição , tem de ser ATUAÇÃO.
Cargos comissionados falam mais alto , mas aquele velho ditado : “Quem se venda , nada vale “.