Presidente do Conselho de Cultura de Blumenau vai a Câmara e vereadores contestam a fala

Foto: CMB

O presidente do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), Elton Gomes, ocupou a tribuna na sessão desta terça-feira (8) para esclarecer os motivos que levaram a entidade a suspender a 11ª Conferência de Cultura, e consequentemente a realização da eleição do novo conselho. E foi contestado pelos três vereadores da bancada evangélica, segmento que é o pano de fundo desta polêmica discussão envolvendo o órgão responsável por construir as políticas públicas para o setor na cidade.

Elton começou dizendo que veio à tribuna para trazer “luz e verdades sobre os fatos, diante da polêmica iniciada por alguns vereadores e de um deputado da cidade, que colocaram em dúvida a idoneidade dos integrantes do Conselho Municipal de Política Cultural.”

“Os 20 conselheiros ocupam esta função pública, sem remuneração, e atuam na formulação de estratégias e controle da execução e aplicação das políticas públicas de Cultura do Município de Blumenau”.

Assinalou que a decisão de suspender a 11ª Conferência de Cultura, em 22 de maio de 2021, ocorreu por deliberação dos conselheiros vinculados ao Grupo de Trabalho (GT) e do Secretário Municipal de Cultura, reunidos extraordinariamente, por alguns motivos, entre elas a insegurança no processo eleitoral, afirmando que pessoas não residentes em Blumenau estavam  como delegados e que o grande número de inscritos – 531 -, bem maior que o previsto pela organização.

Pontuou que a plataforma Mentimeter, escolhida para eleição, que seria remota, não comportava uma forma segura e idônea para os votos em todos os inscritos, que não tinha uma identificação de login para conferência dos votos pela organização, implicando assim na fragilidade do processo de votação.

Explicou que na decisão somou-se o requerimento da escritora Rosane Magaly Martins, pedindo para que o Conselho revesse o processo. Leu os questionamentos da escritora no documento, como pontos do Regimento Interno e pontos frágeis do formulário de inscrição, que não tinham como comprovar domicílio em Blumenau. Disse que além desses pontos elencados, chegou à presidência do CMPC um áudio que estava sendo compartilhado via aplicativo de mensagens, com orientações de compartilhamento do link da votação pelo aplicativo Mentimeter com pessoas supostamente não inscritas na conferência, ou até inscritas, mas que não estariam on-line no momento da votação.

“Acreditamos que esse conjunto de três indicadores – fatos percebidos no processo da conferência; requerimento protocolado e, mais a mensagem – foram suficientes para a tomada de decisão do GT, corroborada pelo Conselho”, enfatizou.

Assinalou que o aconteceu foi muito diferente do que foi divulgado por três vereadores de Blumenau. “Como foi a primeira experiência de uma conferência on-line, em decorrência da Pandemia de Covid-19, o GT foi surpreendido com a quantidade de inscritos nos últimos dias de pré-evento”.

Afirmou que a decisão de suspender a conferência foi completamente distorcida por parlamentares e pessoas que disseram que a a atitude se deu por perseguição e preconceito religioso. “Importante destacar que o CMPC e seus conselheiros não podem ser responsabilizados por posicionamentos e comentários em redes sociais sobre a suspensão da conferência. Neste lugar virtual as pessoas utilizam do direito constitucional de liberdade de pensamento e expressão”, disse.

Por fim, ressaltou que para os integrantes do Conselho Municipal de Política Cultural de Blumenau, não há disputa entre artistas blumenauenses com segmentos de igrejas evangélicas ou de qualquer outro tipo de fé, pois nem o Conselho, nem os artistas são uma Igreja. “Os conselheiros e artistas de Blumenau se posicionam em prol de uma arte diversa, e nesse sentido a dimensão ideológica tem um campo mais amplo que o religioso, pois o objetivo ideológico é da inclusão dos mais diversos saberes da Cultura e da Arte que potencializam o humano e a sensibilidade. É justamente neste lugar que há a democracia, e integram o Conselho pessoas com representatividade social, de classe, de gênero, de etnia e, inclusive, representação de diversidade religiosa. Nosso Conselho, desde 1980, foi plural, e jamais discriminamos nenhum projeto por questões de orientação sexual ou opção religiosa”, assinalou, mas disse que agora o Conselho está mais atento ao grupo liderado, talvez, por interesses partidários ou políticos, que de forma organizada pretendeu ocupar todas as cadeiras do Conselho, pretendendo a hegemonia dentro desse e de outros conselhos da cidade.

Informou que a 11ª Conferência Municipal de Cultura foi reagendada para os dias 16 e 17 de julho e que todos os inscritos serão comunicados .

Elton não baixou a guarda e colocou mais lenha na fogueira e foi contestado pelos vereadores. Inclusive, durante a sua fala, houve bate boca entre os vereadores Adriano Pereira (PT) e Jovino Cardoso (SD), que tentava atrapalhar a fala do convidado da Tribuna Livre .

Jovino, no momento de sua fala, diz que Elton faltou com respeito a bancada religiosa e o chamou de petista, ele que foi assessor da deputada Ana Paula Lima (PT). “Este cidadão é filiado a esquerda, faltou com a verdade e com respeito a cidade de Blumenau.”

Marcos da Rosa (DEM) começou elogiando o trabalho do presidente do  Conselho e levantou alguns pontos que considera que Elton Gomes faltou com a verdade em sua fala e reforçou a tese de discriminação religiosa.

Silmara Miguel (PSD) pontuou algumas falas do presidente do Conselho, respondendo. E garantiu que como vereadora acompanhará de perto a situação da cultura de Blumenau. Criticou a nota do Conselho postada nas redes sociais.

Todas as falas podem ser conferidas no canal do Youtube da Câmara, veja aqui.

2 Comentário

  1. Câmara de Blumenau sendo a Câmara de Blumenau ……Depois reclamam que só recebem críticas .
    Vereador com projeto de isenção de IPTU para Igreja, vereador com projeto para armar professores , projeto para multar quem falta na data da vacina aprovado por eles e vetada pelo prefeito e depois aceito o voto do prefeito….ou seja , como elogiar um legislativo desta qualidade .Não são todos , temos vereador com bons projetos, mas a maioria é de péssima qualidade , mas como dizem , foram eleitos democraticamente . Na minha opinião foram eleitos tragicamente , não todos , tem dois ou três que merecem os votos recebidos .

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