Opinião: Brasil: o país do futuro que nunca chega!

Imagem: "Retirantes", de Cândido Portinari/Reprodução

Caminhamos apressadamente nas margens de um imenso penhasco. Fechamos os olhos e andamos. Sem ligar para os perigos, para direção. As discussões, que aceleram nossos passos, conduzem para o nada. E inocentemente continuamos sem saber o que o destino guarda de surpresa… mediocridade a esquerda, um abismo horroroso a direita e um andar cambaleante sem uma clara direção. Que momento difícil! São muitos os extremos dentro de uma só sociedade.

As semanas avançam com o gosto que algo novo surgirá em algum momento para libertar, movimentar as peças, alterar a sorte e desnudar o progresso. Que novo? Da demagogia fácil que lambuza nossos ouvidos com cantos de uma sereia escorregadia? O novo, do fim da carteirada, dos benefícios sem fim, do início da técnica e dai lei? Sonhos, meu bem! Muitos sonhos…

“A verdade é como poesia. E a maioria das pessoas odeia poesia”. A Grande Aposta, de onde retiro esta frase, foi um filme americano. Poderia também ser o nome que boa parte dos brasileiros emprega para cada novo discurso inflamado defendendo seu amado político de estimação. Estivessem nossos irmãos de pátria exigindo de fato uma reconstrução de nossa base talvez vivêssemos com mais esperança. Não é um nome que vai transformar a água em vinho. O milagre brasileiro só existirá se reestruturar o país por completo e, por enquanto, nem chegamos perto desta parte de pensamento. No mais é manter a situação independente de quem estiver no poder.

É triste, eu sei: mais uma semana e? Gol da Alemanha! O 7×1 não acaba nunca, que lastima. Queremos simplicidade e recebemos um complicado calhamaço de regras que não melhoram em nada nosso sistema tributário. A comida sobe, o imposto sobe, o dólar sobe e nós seguimos tomando um banho gelado na expectativa de construir qualquer coisa que possa nos retirar de perto deste desfiladeiro.

Vivendo esta crise pergunto: falta muito para o Brasil chegar ao futuro próspero que faz tempo que ouvimos? Olhando para o nosso passado, para os outros países do mundo, curvo meus pensamentos para afirmação de Lévi-Strauss: “o Brasil vai sair da barbárie para a decadência, sem conhecer a civilização”. Uma frase atual de um profeta antropólogo na década de 1930. Que fase!

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