Começa nos próximos meses o desenvolvimento dos três primeiros nanossatélites da Constelação Catarina, uma frota a ser construída em Santa Catarina pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e outras instituições. O anúncio foi feito pelos diretores da AEB, durante a reunião de junho da diretoria da FIESC (no dia 25). A constelação será composta por 13 unidades, que darão apoio ao desenvolvimento industrial, ao agronegócio, aos projetos de cidades inteligentes, saúde, segurança e defesa civil, além de outras aplicações.
“Santa Catarina será beneficiada com o desenvolvimento de mais um setor tecnológico e pelas aplicações que ela trará”, afirmou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. “O estado tem essa característica da diversidade de indústria e da alta tecnologia. Essa parceria dos institutos SENAI com a Universidade ajudará a movimentar toda a cadeia da indústria espacial”, acrescentou.
“Pequenos artefatos, do tamanho de um copo ou de uma caixa de sapatos, conseguem fazer muito mais do que os grandes satélites do passado”, disse o presidente da AEB, Carlos Moura. “A tecnologia permite que se condense cada vez mais capacidades em pequenos instrumentos”, acrescentou, ao destacar que o projeto se viabilizou graças à destinação de recursos pela bancada federal catarinense – R$ 5 milhões em 2021 e proposta de R$ 10 milhões em 2022.
Moura destacou que o ciclone-bomba que atingiu Santa Catarina em junho de 2020 foi um dos acontecimentos que acelerou o processo de desenvolvimento da constelação. Segundo ele, com recursos tecnológicos mais avançados, apoiados por satélites, as previsões meteorológicas podem ser mais assertivas e alcançar faixas de 15 minutos, possibilitando alertas pontuais que minimizem os efeitos do fenômeno. Moura destaca que o mercado mundial de nanossatélites vem crescendo de 5% a 8% na última década.
Cristiano Augusto Trein, diretor de governança do setor espacial da AEB, informou que a constelação terá 1 nanossatélite conceitual, que validará as tecnologias e mais três frotas de quatro nanossatélites. Ele entende que o investimento no setor aeroespacial gera uma economia cerca de 15 vezes maior, em aplicações que chegam para a sociedade. O cálculo considera que o setor aeroespacial privado movimentou, em 2019, 271 bilhões de dólares, dos quais 17,4 bilhões foram para a construção e lançamento dos satélites e o restante em aplicações para a sociedade e em equipamentos de solo. Incluindo os 95 bilhões de dólares de investimentos governamentais, o setor movimentou um total de R$ 366 bilhões de dólares naquele ano. “Além disso, o setor proporciona uma constante promoção do desenvolvimento industrial, pois a cada dois anos, um satélite é substituído, sempre com uma tecnologia mais avançada”, acrescentou.
O diretor de Inovação e Competitividade da FIESC, José Eduardo Fiates, observou que a indústria aeroespacial apresenta grandes oportunidades para a economia catarinense. “É uma plataforma tecnológica que tem aplicações no conceito de smart cities, agro 4.0, indústria 4.0, saúde 4.0 e que vai envolver setores industriais nas áreas de metalomecânica, instrumentação, hardware, sistemas de automação, mecânica de precisão, entre outros”. Fiates acrescenta que existem amplas possibilidades de integração de entidades públicas e privadas e programas de fomento para o financiamento dos projetos.
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