No último sábado, 2, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, prestou depoimento em Curitiba, sobre as tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal (PF).
Ele apontou o fato de que as solicitações de troca não possuíam uma causa apontada, portanto arbitrária. Disse que em todo o período em que esteve à frente do ministério, houve solicitações por parte do presidente para a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro. Também do diretor da instituição.
Segundo Moro, a troca voltou ao assunto em janeiro deste ano, com o nome de Alexandre Ramagem como substituto. Ainda afirmou que o assunto era conhecido no Planalto.
Questionado se o motivo da troca seria a proximidade, Moro afirmou que na época, o presidente disse que era uma questão de confiança e que Bolsonaro chegou a sugerir outros dois nomes, mas não tinham a qualificação necessária.
Em março deste ano, quando Moro estava nos Estados Unidos, o ex-ministro afirmou que recebeu uma mensagem de Bolsonaro solicitando a substituição de Carlos Henrique, da PF. Segundo Moro, a mensagem tinha mais ou menos esse teor: “Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro.”
Moro afirmou que o presidente não interferiu, interferia ou solicitava a troca em chefias de outras secretarias, por exemplo a Polícia Rodoviária Federal.
Questionado se as trocas tinham a função de proteger pessoas próximas ao presidente, Moro afirmou que crescendo as pressões para as substituições, Bolsonaro lhe disse que precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência.
Moro afirmou que em 25 de abril, o presidente enviou uma mensagem com um link do site “O Antagonista” informando que a PF estava no encalço de deputados bolsonaristas e que isso seria mais um motivo para a troca de comando.
Segundo o depoimento, Moro informou Bolsonaro em reunião no dia 23 de abril, que a troca de Maurício Valeixo por Alexandre Ramagem, seria interferência do Executivo na PF.
Confira o depoimento na íntegra: depoimento Sergio Moro
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