Nesta sexta-feira, 6, acontece a reunião do Fórum Parlamentar Catarinense em Blumenau. Presidida pelo deputado federal Mauro Mariani (PMDB), tem como objetivo ouvir os questionamentos das lideranças políticas e empresarias da região sobre o processo de duplicação da BR 470. Por conta do tema, o Informe Blumenau republica o artigo do presidente da ACIB, Carlos D’Amaral.
Carlos Tavares D’Amaral,
presidente da Acib (Associação Empresarial de Blumenau)
A novela da BR 470
Há anos temos assistido a mais uma obra fundamental para Santa Catarina emperrada. Quando pensamos que um novo capítulo da novela que virou a duplicação da BR-470 vai finalmente estrear, vem mais uma vez a frustração. O quarto lote, que teve o contrato assinado no fim de 2013, ainda não teve as obras iniciadas. O atraso nos processos de desapropriação de imóveis já levaram ao abandono das obras em alguns trechos e à demissão de trabalhadores ligados às empreiteiras contratadas para o serviço.
O prejuízo não é apenas do setor produtivo, das indústrias que vêem sua capacidade de escoamento de produtos limitada ou das empresas que encontram dificuldade em receber matéria-prima por falta de uma infraestrutura viária adequada.
Mais do que atravancar o desenvolvimento econômico da nossa região, a paralisação da obra continua resultando em muitas vidas perdidas, triste consequência não só da imprudência, mas também da falta de segurança oferecida pelo sistema viário.
É necessário sensibilizar os governos estadual e federal, as lideranças políticas que nos representam, para que sejam tomadas medidas urgentes. Um estudo custeado pela Fiesc analisa o andamento das obras de duplicação do trecho entre Navegantes e Indaial, que foram contratadas em quatro lotes, entre julho de 2013 e junho 2014. O valor total dos contratos é de R$ 860 milhões, com conclusão inicialmente prevista para outubro de 2017. Mas, como já citei, alguns trechos já foram abandonados e certamente esse cronograma não será cumprido.
Em junho, o governo federal incluiu o corredor formado pelas rodovias BR 470 e BR 282 no Programa de Investimento em Logística, para serem concedidas à iniciativa privada em 2016. O engenheiro Ricardo Saporiti, consultor da Fiesc e autor do estudo, alerta que a concessão da rodovia com as obras não concluídas pode levar a um novo atraso no cronograma e a um aumento no valor a ser cobrado nos futuros pedágios.
Nossa sugestão é que o governo federal elabore um cronograma de investimentos garantindo, mesmo em ritmo lento, o regular e ininterrupto andamento das obras para evitar prejuízos sobre o que já foi realizado.
Outra opção seria avaliar criteriosamente a concessão da rodovia considerando as obras em andamento e respeitando os contratos firmados, evitando uma onda de ações judiciais, que poderão postergar ainda mais a entrega da duplicação tendo o cuidado para que o usuário não seja surpreendido por altas taxas de pedágio.
Caso contrário, a julgar pelo que temos visto, continuaremos assistindo a intermináveis capítulos envolvendo burocracia, falta de responsabilidade do Poder Público e retrocesso. Isto tem que terminar!
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