Artigo: Apenas um público

Foto: divulgação Secom PMB

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sylvio zimmermann

Sylvio Zimmermann Neto

Presidente Fundação Cultural de Blumenau

 

Quando pensamos em acessibilidade, logo nos remetemos aos meios de acesso físicos.

A importância da arte é que ela desconhece diferenças, por si mesma é acessível.

Todos os nossos sentidos são acurados. Se um deles nos é limitado, não há problema; outro pode supri-lo. E isso vem se constatando no público cego nas sessões de cinema “Pipoca acessível”, um programa da Fundação Cultural de Blumenau, por meio do Centro de Difusão da Literatura Braille. Mensalmente, um filme será exibido no Cine Teatro Edith Gaertner com áudio-descrição.

A sétima delas tem sido alvo de elogios de pessoas cegas e com baixa visão. Impedidos de ver as imagens da fotografia do cinema, com o recurso da áudio-descrição conseguem sentir e ouvir todos os acontecimentos de um filme. Os eleitos em exibição são grandes histórias do cinema nacional, películas de renomada bilheteria, como Olga, O homem que copiava, Quatrilho entre outros.

O recurso da áudio-descrição é definitivo para as atividades sensoriais do cego e do baixa-visão, uma vez que ele consegue absorver a arte de maneira mais eficiente. O que é a arte senão um grande prazer estético, uma exploração dos sentidos, porque a arte tem necessariamente seu caráter mágico. De igual maneira, sentiram-se os espectadores que, mesmo com visão, usaram das vendas para a experiência; os outros sentidos ficam mais aguçados e claros.

A arte, repito, é a exploração dos sentidos, uma maneira de aguçá-los e aproveitá-los. A aproximação estética deles, uma maneira de nos contatar com o belo. O cinema aproxima o visual com o auditivo, o que propõe inúmeras percepções. Ora, o cego vê com os dedos, mas também com os ouvidos e esta nova maneira de acessibilidade permite que estes indivíduos consigam atingir os mesmos patamares que os videntes.

Esta nova proposta da Fundação Cultural de Blumenau, por meio do Centro de Difusão da Literatura Braille de Blumenau é louvável. Uma proposta de acessibilidade, uma proposta para que todos os públicos possam acessar os mesmos veículos estéticos igualitariamente.

E por isso Exupéry diz “O essencial é invisível aos olhos”.

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