Sylvio Zimmermann Neto
Presidente Fundação Cultural de Blumenau
São tantos os conceitos que podemos dar à poesia, ela é fluida, é móvel e sempre fresca, sempre nova.
Muitos se perdem na diferença entre poesia e poema, o que parece deveras importante quando, em verdade, a real importância é o poeta, aquele que concretiza a poesia, que produz num substrato universal. Trata-se de uma tarefa nada simples a de colher, como de uma árvore, objetos, natureza, sentimentos, pô-los numa cesta e com isso fazer poesia.
Os antigos poetas gregos exaltam às musas e ao Deus Apolo, morador do Monte Parnaso. Como as musas e o deus da lira grego eram inalcançáveis, o que restava aos poetas era tocar o pé do monte e sentir o concreto, o que é mundo. O monte servia-lhes de vetor concreto para alcançar o lírico, o abstrato.
Parnaso é mais humano, é mais vivo que o próprio Apolo. Essa tradição helênica é o que deu à poesia o caráter concreto, o poema, afinal este é a resposta à poesia. É o fruto final, a ideia final. Quando se lê um poema, escala-se o Parnaso e encontra-se, por fim, Apolo.
Este mês, comemora-se o dia da poesia. Celebra-se o aniversário de Castro Alves, um dos maiores poetas brasileiros.
O poeta fez versos de lirismo invejável, com rimas inesquecíveis para o brasileiro.
O dia da poesia é um momento de reflexão profunda sobre o lirismo da vida.
A Editora Cultura em Movimento adjunta à Fundação Cultural de Blumenau promoveu uma semana inteira relacionada à poesia, uma exposição de livros raros, com exemplares do século XVIII e XIX, um bate-papo com a escritora Claudia Iara Vetter e um sarau que encerrou o ciclo em homenagem a dois grandes nomes: Martinho Brüning e Lindolf Bell. Dois ícones poéticos de nossa cidade.
Não pensemos na poesia como o poema, mas como o que gera, o que propõe o poema, como um substrato; ao ler um poema, devemos nos livrar de todo preconceito e ver o mecanismo da poesia. E isso é impossível na prosa, somente o verso é fluido, somente ele permite uma interpretação lírica.
O poeta é um profundo forjador.
Mais do que Apolo, Hefesto é o inspirador da poesia, como foram dois inspiradores Bell e Brüning.
Poesia é mais trabalho que inspiração, é mais poeta do que poema. Com o poema, temos os dois olhos do poeta.
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