Artigo: Dia 20 de novembro, uma consciência contra o racismo

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Carlos Alberto Silva

Professor e Coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro (Neab/Furb)

O dia 20 de novembro deixou de ser uma data dos movimentos sociais do País, que elegeram para lembrar o preconceito e o racismo que o negro sofre desde o fim da escravidão em 1888, para se tornar algo além da luta. É o momento de reflexão ideológica e política sobre passado, presente e futuro para aqueles que ainda se encontram na marginalidade social, econômica e educacional.

O empenho dos movimentos, como do Cisne Negro de Blumenau, é árduo e, muitas vezes, parece utópico.

Afinal, há de se derrubar discursos construídos ao longo de séculos e que foram institucionalizados com a chancela de muitos governos republicanos.

Quando se pede reparações políticas, sociais, históricas e econômicas, na realidade se está pedindo condições de igualdades e respeito à cultura e à identidade negra que nestes 127 anos de “abolição” experimentou as atrocidades de todas as formas.

Uma delas foi a tentativa de acabar com a história afro-brasileira que não foi devidamente contada na escola. Além disso, ao negro lhe foi privado a possibilidade de propriedade à terra e a imposição ao reconhecimento dos espaços quilombolas, apesar dos avanços obtidos nos últimos 12 anos. Já nas áreas urbanas, as comunidades foram empurradas para os morros e favelas e lá enfrentam a falta de saneamento e de infraestrutura e quando a mão do Estado chega é sempre por intermédio da violência policial.

Pensar a sociedade excludente e racista não se resume ao 20 de novembro e sim ao esforço do ano inteiro. Os movimentos negros elegeram a educação como caminho da transformação e cobram a aplicação da Lei 10.639/2003 que prevê o ensino da história de África e da cultura afro-brasileira. Mas para isso, as prefeituras precisam instrumentalizar seus professores para que as escolas públicas, e até mesmo as particulares, possam cumprir esta exigência do Ministério da Educação.

É pelos bancos escolares que podemos derrubar de vez o discurso da democracia racial que há muito tempo é propagada pelo Brasil e que, infelizmente, muitas pessoas acreditam.

Também é preciso dizer que não somos iguais, nem mesmo perante a lei, que acaba beneficiando alguns em detrimento de outros. Que o digam os negros com baixa remuneração no mercado de trabalho (principalmente as mulheres) comparativamente aos trabalhadores brancos.

Portanto, o dia nacional da Consciência Negra é um momento de combate ao racismo e uma luta pela promoção de políticas de igualdade racial que o governo de Blumenau deve isso à comunidade negra.

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