Osmar Ricardo Labes
Presidente Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística SC
O Brasil não suporta mais conviver com tamanho descaso e omissão daqueles que deveriam ser os protagonistas dos investimentos necessários em nossa infraestrutura de transporte e logística. Estamos perdendo competitividade e vidas são ceifadas diariamente em nossas rodovias, por conta de uma malha diária saturada, defasada e com manutenção precária.
É importante sempre relembrar que mais de 60% das nossas riquezas são transportadas pelo modal rodoviário. Mas parece que nem isso vem sensibilizando aqueles que têm a caneta na mão. No ranking sobre qualidade de estradas, desenvolvido no ano passado, o Brasil é 123º colocado numa lista de 144 países.
E a falta de investimento não é decorrência da escassez de recursos. Impostos são pagos em grande monta para que possamos ter serviço de qualidade.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou recentemente o mais completo e longo estudo sobre o transporte no país e os números são assustadores. Anualmente, o Brasil desperdiça R$ 30 bilhões por usar caminhos antigos e tortuosos para transportar suas mercadorias.
Esse atraso gera aumento dos custos. E Santa Catarina não está livre disso. Aqui, segundo levantamento da FIESC, o custo logístico é responsável por 14% do faturamento da indústria, enquanto a média brasileira é de 11,2%. Em outros países esse percentual é de 9%.
A insegurança também é alarmante. Somente no trecho da BR-101 que corta Santa Catarina foram registrados 4.334 acidentes no primeiro semestre desse ano, com 56 mortes. No mesmo período, a BR-470, em toda sua extensão, contabilizou 1.373 acidentes, com 49 mortos. A maioria deles em colisões frontais, segundo a PRF.
Nas rodovias estaduais, a situação não é diferente. Até setembro, a PMRv registrou 7.336 acidentes, com 4.076 feridos e 258 mortos. Somente na Jorge Lacerda (SC-412) foram 101 acidentes e quatro mortes, até o mês de setembro. O trecho da SC-108, entre Massaranduba e Blumenau, teve 81 acidentes apenas em setembro.
A maior causa deles foi imprudência e ultrapassagens perigosas, mas a falta de manutenção periódica nas rodovias contribui para aumentar as estatísticas.
Há décadas nosso estado é relegado ao segundo plano, com obras que não saem do papel ou se arrastam. Mesmo sendo o sexto maior PIB brasileiro, onde a indústria responde por 35% desse total, além de se consolidar como o 10º maior exportador brasileiro.
Pagamos muito para receber muito pouco.
Até quando?
E principalmente a IMPRUDÊNCIA !
Talvez os responsáveis pelas rodovias estaduais e federais devam contratar a pessoa que idealizou as rotatórias pintadas nas vias urbanas de Blumenau. Imaginem que que ele não faria com milhões de galões de tinta , já que em Blumenau estão utilizando desta artimanha para melhorar o trânsito.