Por Felipe Schultze – Bacharel em Direito
Por ciúme, uma discussão doméstica inicia-se. A criança brinca na rua e ouve disparos de tiros. Dois tiros disparados durante a discussão. Um choro, parecido com um uivo de desespero, é ouvido. O menino caminha para dentro de casa, com a coragem que sua camisa de super-herói transmite, a criança não sabe que a imagem que irá presenciar moldará o resto de sua vida. É com a inocência de uma criança que o jovem chega em casa e, sem entender o inexplicável, paralisa: sua mãe é vítima de feminicídio.
Por mais que uma arma de fogo seja objeto de desejo, as estatísticas não estão ao lado delas. Os homens, que consideram-se de bem e que necessitam de armas para defender suas famílias, precisam confrontar um dado alarmante, 60% das violências domésticas contra mulheres praticadas com armas de fogo terminaram em morte, contra 7% dos demais tipos de agressão. Segundo pesquisa do Datafolha de dezembro de 2018, 61% da população em geral e 70% das mulheres são contra a flexibilização da posse de armas. A Defensoria Pública de SC afirma categoricamente que o decreto de posse de arma pode aumentar número de feminicídios. As estatísticas estão claras como a água limpa, então, por que flexibilizar o porte de armas?
Em um país doente, a questão da violência é alarmante, mas sabe-se que não é correto terceirizar o problema, a violência é uma questão de estado e não do cidadão. Bradar por mais armas é expor as mulheres aos riscos do machismo.
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