Declarações
Rodrigo Janot, ex-procurador Geral da República, disse que foi armado a uma sessão do Supremo para matar o ministro Gilmar Mendes.
A declaração foi dada à revista Veja.
“Não ia ser ameaça, não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele [Gilmar Mendes] e depois me suicidar”, afirmou Janot, que deixou a Procuradoria há dois anos.
O episódio é narrado em seu livro Nada Menos que Tudo, porém no livro, Janot não cita nominalmente o ministro Gilmar Mendes.
O episódio
Janot disse que o ocorrido foi em maio de 2017, quando solicitou que o ministro do Supremo fosse impedido de analisar um habeas corpus de Eike Batista, sob a justificativa de que a mulher de Gilmar, Guiomar Mendes, era sócia de um escritório de advocacia que representava o empresário em diversos processos.
Segundo Janot, após o pedido, Gilmar teria espalhado uma história de que a filha do então chefe da PGR teria prestado serviços advocatícios à OAS, empreiteira envolvida em casos da Operação Lava Jato.
Gilmar
O ministro Gilmar Mendes, com quem Janot já teve diversas desavenças, lamentou no Twitter o que ele chamou de “cogitações homicidas”. Ainda nesta sexta, Gilmar ainda pediu ao STF que retire o porte de armas de Janot e proíba sua entrada na Corte.
O ministro ainda divulgou uma nota respondendo as declarações e recomendando que o ex-procurador busque ‘ajuda psiquiátrica’.
Mais declarações
Em seu livro de memórias, Janot também faz um balanço de sua atuação à frente da Operação Lava Jato.
Afirma que em março de 2015, o então vice-presidente Michel Temer (MDB) e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (MDB), pediram que ele arquivasse o primeiro processo aberto contra o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB).
Janot ainda revela que, em 2017, o então senador Aécio Neves (PSDB) lhe ofereceu cargos na tentativa de evitar a abertura de investigações sobre suas relações com a Odebrecht. Segundo Janot, Aécio pensava em se candidatar à Presidência da República em 2018 e lhe ofereceu o Ministério da Justiça e a vaga de vice na chapa.
O ex-chefe da PGR ainda afirma em seu livro que mantinha uma geladeira em seu gabinete com bebidas alcoólicas, à qual ele e sua equipe recorriam em momentos de tensão.
José Eduardo Cardozo
Nesta sexta, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, confirmou a declaração sobre o pedido ilegal para proteger Eduardo Cunha. Cardozo disse que chegou um pouco atrasado à reunião, mas confirmou a Veja que “as informações procedem nos aspectos principais”.
Eduardo Cunha
A defesa do ex-presidente da Câmara se pronunciou nesta sexta-feira. Os advogados disseram se preocupar com a segurança de Eduardo Cunha, que, segundo eles, foi processado por um “procurador suspeito”, que “conduziu um Ministério Público com o fígado”.
Michel Temer
O ex-presidente Michel Temer afirmou que Janot se revelou um “insano homicida-suicida”, além de ser “mentiroso costumaz e desmemoriado”.
Aécio Neves
Aécio Neves (PSDB) afirmou que as declarações de Janot são mentirosas: “As declarações do ex-procurador-geral da República são estarrecedoras. Jamais o convidei para coisa alguma”, disse o deputado federal, por meio de nota. “Fui, na verdade, um alvo preferencial dos desatinos desse senhor.”
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Com a declaração de que mataria Gilmar, Rodrigo Janot alimenta ainda mais esse “faroeste” que estamos vivendo. Preocupante que alguém que esteve em um cargo tão importante, trate como uma possibilidade o homicídio de um ministro do Supremo, dentro da Corte. É surreal.
Com esse ambiente hostil, a declaração pode estimular ou incentivar outros atentados, contra o próprio Gilmar, inclusive.
Janot tenta se colocar novamente no tabuleiro, tem aspirações políticas e agora, com certeza, venderá mais livros.
É o retrato do Brasil que se resolve na bala. Todos perdem.
Com informações: Veja, Estadão, G1 e O Globo.
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