O gato subiu no telhado. A metáfora refere-se a possibilidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) negar o financiamento para a construção da ponte do centro no local onde o governo Napoleão Bernardes quer fazer. Escrevo metáfora e possibilidade, pois a noticia não é oficial. Mas que está quente, está.
Basta ver o discurso no Paço Municipal nos últimos dias. Ao perguntarmos sobre a situação da ponte do centro, a resposta vem com ponto de interrogação : “qual ponte?” Seguido da seguinte afirmação : “a atual gestão está empenhada em construir quantas pontes forem necessárias , começando pela que obtiver o financiamento antes “. E por aí vai.
Mais abaixo relembro o caso, mas segue breve contextualização em uma frase:
Em 2012 havia um traçado definido pela gestão João Paulo Kleinübin (PSD), já debatido com a sociedade e avalizado pelo BID , mas no segundo turno da última campanha eleitoral, o então candidato Napoleão Bernardes (PSDB) trouxe a proposta de trocar o local da ponte, garantindo que a cidade não perderia a possibilidade de apoio do banco.
Era e é um direito de qualquer político, no caso o Napoleão, de mudar uma situação da qual não concordava, apesar de fazer parte da base de apoio da administração JPK. Mas o fato é que em mais dois anos e dez meses de gestão da atual administração, não vemos nem um canteirinho de uma das obras mais debatidas e necessárias para a cidade, peça central do último processo eleitoral.
E o pior, nem perspectiva e sim muitas dúvidas. Se fala muito em transparência, mas alguém sabe como está a situação, claramente?
Com todo respeito a quem está na linha de frente hoje no Município, o discurso mudou e na falta de informação correta, aumentam as especulações. O que parece é que a gestão de Napoleão Bernardes já está jogando a toalha com relação a sua proposta e voltando seu foco para a proposta original.
Conversei com dois secretários, Paulo França (Obras) e Juliano Gonçalves (Planejamento) e ambos negam que a Prefeitura esteja desistindo da proposta que ajudou a Napoleão ganhar a eleição, mas reconhecem as dificuldades. Juliano culpa um “grupo de três ou quatro moradores do bairro Ponta Aguda”, que questionou judicialmente o novo projeto e teria feito o BID recuar.
Os dois secretários garantiram estar a procura de outras fontes de financiamento para a ponte entre a rua Itajaí e Paraguai, mas nestes tempos de torneiras fechadas sabem a dificuldade. Para não dizer impossibilidade. Ou seja, muito dificilmente a obra idealizada pela equipe de campanha do então candidato Napoleão sairá do papel, pelo menos nesta gestão.
O primeiro mandato está terminando e ano que vem tem eleição municipal. Portanto tem tudo para a Prefeitura resgatar o projeto no traçado original e já estaria fazendo isso, atualizando as informações e licenças necessárias para voltar a conversar com o BID. Com sorte consegue garantir o começo dos trabalhos ainda em 2016 e assim evitar que a ponte do centro seja tema do debate eleitoral novamente. Mas desta vez contra o candidato à reeleição Napoleão Bernardes.
Na tarde dessa segunda-feira conversei com o secretário Juliano Gonçalves, confira:
RELEMBRE A POLÊMICA
Alguns meses antes da última eleição, em 2012, o então prefeito João Paulo Kleinubing (PSD) anunciou com pompa a parceria com o BID ( Banco de Interamericano de Desenvolvimento), que permitiria a Prefeitura executar um conjunto de obras fundamentais para a mobilidade urbana. Entre as obras, a ponte do centro, saindo da rua Rodolfo Freygang em direção à rua Chile. Foi muito aplaudido. Estava certo que as obras seriam feitas? Não. Mas estavam previamente aprovadas por quem tem a chave do cofre.
No segundo turno da disputa eleitoral, o então candidato Napoleão Bernardes (PSDB) tirou da cartola um outro traçado, ligando a rua Itajaí à rua Paraguai. Disse que era fácil, a Prefeitura não perderia o financiamento do BID e tal. Ganhou a eleição.
O discurso infelizmente não virou realidade. O novo projeto sofreu vários questionamentos e não só de um grupo de moradores do bairro Ponta Aguda, como a Prefeitura gosta de fazer com que as pessoas pensem. As entidades empresariais, com a ACIB a frente, pediram a manutenção do traçado original. O Ministério Público também questionou e até o Poder Judiciário concedeu uma liminar suspendendo a proposta, já cassada.
Permita-me lhe mostrar a falta de consenso do seu texto. Diz ele no início: “Em 2012 havia um traçado definido pela gestão João Paulo Kleinübing (PSD), já debatido com a sociedade”, para mais embaixo afirmar que o novo traçado foi a “proposta que ajudou a Napoleão ganhar a eleição,”. Oras, se o primeiro traçado foi debatido com a sociedade, porque esta mesma sociedade elegeu o Napoleão quando este mudou o traçado? Isso é uma incoerência nas suas idéias.
Na realidade se você pesquisar as atas do inicio da discussão, lá no governo Décio, sobre o traçado da nova ponte, verás que o traçado da Rua Chile era a terceira opção técnica. Em nada iria auxiliar o trânsito. Sua principal vantagem: turística! Não sou eu que estou afirmando isso, são as atas. A proposta da região onde hoje é o desejo, havia sido abandonada pelo custo, que ficou mais barato agora por causa daquela obra faraônica que foi projetada na rua Chile. Uma estrutura bizarra que irá competir com a harmonia do centro, justamente o que o IPHAN não acha o correto. Pode pesquisar, é o IPHAN que diz que estruturas no centro devem ser sóbrias, por isso a nova ponte não é nabalesca. É sóbria, como o sugerido.
Afirmar que o primeiro projeto foi discutido com a sociedade, é uma falácia que os revoltosos da Ponta Aguda querem nos empurrar goela abaixo. A resposta da sociedade a este conchavo foi nas urnas e precisa ser respeitado.
E sim, categoricamente sim, o problema são os ricos moradores da Rua Paraguai. Uma rua que de tão bucólica pode se dar ao luxo de ser fechada para a montagem de uma feira livre, uma rua em que o mato nasce no meio dos paralelipípedos e isso a 500m da Rua XV de Novembro. Quem não lutaria com unhas e dentes para mante-la assim? Afinal, pagaram milhões pelos seu apartamentos e agora o Troncal vai passar na frente deles. Não pode.
Ademais, entidades empresariais trabalham no corporativismo, quantos deles moram nesta rua ou tem amigos nela? M.P ? Idem. E no caso da justiça, essa se pronunciou quando provocada e como mesmo disseste, já voltou a trás.
Por fim, Napoleão não tirou da cartola o novo traçado. Aquela região já era tecnicamente o melhor traçado. Felizmente os revoltosos não tem como negar isso. Está nas atas. Nós motoristas, estamos pouco nos lixando com vantagens turísticas da nova ponte, queremos a ponte no local onde ela vai melhorar o trânsito. Já imaginou a Ponte Victor Konder, mão unica em direção a Beira-Rio? Duas pistas jogadas em 90 graus sobre uma avenida entupida de carros? Lembra o que aconteceu na semana em que ativaram aquele semáforo? E querem me dizer que essa é a melhor escolha para o trânsito?
O mandato do Napoleão já acabou…se não fez, não faz mais. acabou pra ele.