O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou na Avenida Paulista na tarde desta terça-feira, 7, e atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes vai ser presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no próximo ano.
“Ou esse ministro [Alexandre de Moraes] se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o povo. Mais do que isso, nós devemos, sim, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade”, disse Bolsonaro.
“Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, completou.
“Não vamos mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continue a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa constituição. Ele teve todas as oportunidades de agir com respeito a todos nós, mas não agiu dessa maneira como continua a não agir”, disse Bolsonaro.
Alexandre de Moraes é responsável pelo inquérito que investiga o financiamento e organização de atos contra as instituições e a democracia e pelo qual já determinou prisões de aliados do presidente e de militantes bolsonaristas. Bolsonaro é alvo de cinco inquéritos no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral.
Manifestantes fazem ato na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, nesta terça-feira, 7, feriado da Independência no Brasil, a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Com pautas antidemocráticas, os apoiadores são contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional e também pedem intervenção militar. Bolsonaro deve discursar na Paulista nesta terça. Em Brasília, o presidente fez ameaça golpista ao Supremo em discurso para apoiadores.
Por conta do protesto, a de Metrô Trianon-Masp foi fechada. A estação Consolação está aberta. Cerca de 13 quarteirões da avenida foram ocupados, com maior concentração em frente ao Masp e à Fiesp.
Vestidos com camisetas do Brasil, e portando materiais alusivos ao presidente e às cores da bandeira do país, a maioria dos manifestantes participava do ato sem respeitar as regras de distanciamento social e o uso obrigatório de máscara, determinados pelo governo do estado desde 2020 por conta da pandemia de coronavírus.
O governo de São Paulo informou que está fiscalizando o uso de máscaras, mas não garantiu que vai fazer um balanço das autuações.
Os atos desta terça-feira, 7, convocados por Jair Bolsonaro acontecem em meio a embates do presidente com o STF, e em um contexto de uma acentuada crise econômica, com a disparada da inflação, desemprego próximo a taxas recorde e queda na popularidade e nas avaliações sobre a administração de Bolsonaro.
Os manifestantes seguravam cartazes com dizeres contra a imprensa, o STF e pedindo “pelo fim do comunismo”. “Presidente Bolsonaro, acione as forças armadas e liberte nosso Brasil do comunismo”, dizia uma das faixas.
Outros cartazes pediam a demissão dos ministros do Supremo Luiz Fux e Ricardo Lewandowski.
As ameaças golpistas e ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fazem parte de uma narrativa que vem sendo defendida e reafirmada pelo presidente há semanas, com maior intensidade às vésperas do feriado.
Por volta de 12h30, outro grupo de apoiadores do presidente protestou, de carro e motos, na Ponte Estaiada, na Zona Sul de São Paulo. Eles ocuparam duas faixas da via.
Nos últimos dias, o presidente defendeu a presença de policiais militares nas manifestações. O G1 não presenciou um grande número de pessoas fardadas. A presença de grupos evangélicos era maior.
Em discurso no nordeste do país no sábado, 4, o Bolsonaro chegou a incitar a população a enquadrar os ministros do STF.
No início da semana, o Bolsonaro protocolou no Senado um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre Moraes sob o argumento de que ele e o ministro Luis Roberto Barroso extrapolam os limites da Constituição.
Bolsonaro é investigado em cinco inquéritos — quatro no Supremo Tribunal Federal e um no Tribunal Superior Eleitoral.
Moraesm abre inquérito, investiga e julga… Bloqueia remuneração, bloqueia jornalistas… Está certo isso pra voce.