Marina Melz
Jornalista
Da logomarca da Capital Nacional da Cerveja não entendi muito. Mas uma coisa é certa: a data. Nossa primeira cervejaria é de 1860. Nos embebedamos e nossa ressaca durou algumas décadas até que nos redescobrimos. E essa é uma semana para comemorar o nosso aprendizado, que inibe o mal estar e não permite o tédio: o Brasil e o mundo estarão nos enxergando como referência na bebida. Espero que finalmente nos enxerguemos assim, de fato.
Em 2005, quando Norberto Mette e Juliano Mendes (entre tantos outros) realizaram uma primeira edição do que viria a ser o Festival Brasileiro da Cerveja, não tínhamos um quarto da força que temos hoje e o evento, claro, também não. O que não desmerece a coragem de ambos.
Em 2011, quando o evento foi retomado, tive a sorte de estar lá e ver como as coisas tinham mudado. Muita gente não sabia exatamente que cerveja poderia ir além da pilsen, que se podia fazer a bebida em casa e se multiplicavam aos rodos as matérias que comparavam a cerveja ao vinho: há harmonizações corretas, diferentes sabores e muitas variedades. Só se falava em Lei da Pureza Alemã, como se fôssemos nos diferenciar pela germanidade que tanto defendemos (ou não mais, amém).
Trabalhei no evento até 2014 e vi com os meus próprios olhos o cenário mudar completamente. Cervejarias que eram apenas a diversão de um apaixonado ganhando medalhas internacionais, a Lei da Pureza Alemã dando origem a inventividade mais do que brasileira, cervejeiros antes tratados como loucos se tornando orgulho e idolatria de muita gente, um público que antes só sabia pedir por “cerveja gelada” pronunciando cada estilo com maestria. Um brinde!
Nos últimos dois anos, a proporção se tornou ainda maior. O Concurso Brasileiro da Cerveja cresceu inquestionavelmente, o público se especializou, o tom da conversa sobre cerveja mudou e, enfim, temos rotas cervejeiras pra chamar de nossas. O Festival Brasileiro da Cerveja é o evento que melhor mostra quem nós realmente somos: diversos, organizados, com culturas variadas e muito orgulho para sentir.
Esta semana é toda nossa. Tanto ou mais do que a primeira semana de outubro. Essa semana é para aprendermos que a cerveja não é baderna, não é brincadeira.
É tempo de abrir ao paladar e aos ouvidos a oportunidade de vermos a bebida como um diferencial que pode potencializar ainda mais o turismo e fazer o blumenauense bater no peito e dizer com orgulho que é da região que faz o universo cervejeiro se reunir e se reinventar.
Somos parte importante da história de um mercado que cresce a cada ano e, mais importante do que isso, nestes tempos difíceis reforça nosso orgulho em sermos brasileiros e produzirmos aqui algumas das melhores cervejas do mundo.
No universo do Festival Brasileiro da Cerveja, o conselho é beber menos e beber melhor. Já fonte de identidade, recursos e orgulho que a cerveja pode ser para a nossa região, tomara que a gente beba mais, muito e melhor a cada ano.
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