AROLDO BERNHARDT
Professor
Embora colonização e imperialismo sejam conceitos diferentes entendo como aceitável considera-los como sinônimos, visto que ambos implicam dominação de uma nação por outra. Por isso há quem considere o imperialismo como extensão do colonialismo.
A dominação é efetivamente uma estratégia de relações internacionais aplicada em todas as dimensões da vida humana associada. Ocorre em alguns casos de forma sub reptícia, como na política; subliminar como na cultura ou ainda direta e legalmente amparada, geralmente mediante a hegemonia tecnológica e financeira, no caso da dimensão econômica.
Trata-se de uma questão de poder inserida no planejamento do Estado, principalmente para os países tidos como desenvolvidos.
Assim é comum que mandatários visitem outros países em defesa dos interesses da nação que representam. É o caso, por exemplo, da Chanceler Angela Merkel que veio ao Brasil com intuito de pressionar por maior abertura para as empresas alemãs. É também o caso da pressão das petroleiras por privatização do petróleo mundo a fora e especialmente no Brasil, agora em função do nosso “pré-sal”.
É ainda o caso da disseminação de valores por intermédio da música, do cinema e do entretenimento em geral. Enfim, são múltiplas as formas de dominação. Quase sempre travestidas de cooperação, de disseminação da democracia e da liberdade. Enfim, o colonizador busca os interesses pátrios.
O que não é aceitável é o complexo de vira-latas, magistralmente captado pelo dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues. Ele usou o termo para se referir à inferioridade com que alguns brasileiros se colocam em face do resto do mundo.
Postura, aliás, generalizada num estamento social cujos integrantes ainda mantém as “mentes colonizadas”, fascinados que são pelos colonizadores.
Dentre as características que marcam a mente colonizada sobressai, na economia, o alinhamento acrítico ao Consenso de Washington; na política, um elitismo que favorece uma minoria ávida por prestígio e poder e na dimensão social uma quase padronização de condutas, vestimenta, sotaque, recreação, ritual e cerimônias.
Perfeito. Acho os textos do professor Aroldo magistrais.
Aliás, seu conceito de “elite equivocada” merece um artigo neste mesmo espaço, Alexandre.