“Construindo o futuro da FURB”

Foto: divulgação

Um grupo de professores e servidores da FURB divulgou nesta sexta-feira, 04, um manifesto em defesa da Universidade Pública Regional de Blumenau.

Lembrando que recentemente nossa principal instituição de ensino virou pauta na Câmara Municipal, onde até a palavra privatização foi usada para discutir um novo modelo para ela. E a FURB passou na última semana pela escolha dos diretores dos centros de ensino, através da eleição direta.

Confira, na íntegra:

A construção do futuro é resultado de circunstâncias e de ações. O ano de 2018 é um momento de reflexão sobre as
circunstâncias vividas pela FURB e uma oportunidade de pactuar estratégias de ação para o enfrentamento dos
desafios presentes. A expressiva redução do número de estudantes de graduação, numa análise superficial e descontextualizada, parece colocar em xeque o modelo institucional-acadêmico da nossa Universidade.

Somos uma Universidade Pública nos meios e nos fins, mas de financiamento privado.

Somos uma Universidade Pública num contexto de mercantilização e de privatização da educação superior.

Estas circunstâncias são importantes, mas elas, por si só, não determinam o futuro. O nosso futuro é resultado também das decisões e ações que desenvolvemos enquanto comunidade universitária para enfrentar os desafios. O futuro está em nossas mãos.

Neste momento em que ocorrem as eleições para diretores de centro e de reitor é fundamental ter em mente – a partir da interlocução clara com colegas docentes, estudantes de graduação e pós-graduação, técnico-administrativos,comunidade regional – o que queremos para nossa Universidade.

Neste sentido, o Coletivo “Construindo a FURB” vem a público apresentar uma pauta de temas essenciais no debate sobre a Universidade: a defesa de uma Universidade Pública, de Qualidade, Democrática e com Sustentabilidade Financeira.

DEMOCRACIA: DIÁLOGO E COMPROMISSO COLETIVO.

Uma Universidade Pública é uma instituição democrática. O processo de tomada das decisões, a transparência das informações e dos argumentos, bem como o comprometimento coletivo com as deliberações, constituem a base procedimental fundamental para a construção de um projeto de futuro comum.

Para tanto, é necessário o compromisso de uma gestão democrática que dialogue e revitalize os espaços institucionalizados de participação e decisões descentralizadas, em torno de princípios, diretrizes e regras claras, do fortalecimento das deliberações colegiadas e da ampliação dos mecanismos de participação direta da comunidade universitária, em especial os estudantes e a comunidade regional.

Desafios: Como qualificar o processo democrático, a participação e o comprometimento coletivo com deliberações democraticamente tomadas? Quais espaços institucionais descentralizados são fundamentais para garantir envolvimento efetivo da comunidade acadêmica nas decisões? Quais mecanismos de participação direta podemos instituir?

ESTUDANTE: SUJEITO DA UNIVERSIDADE.

O estudante não pode ser visto apenas como resultado de uma disputa mercantil e privada para preenchimento de vagas. Estudante é razão de ser da Universidade. O diálogo com a comunidade estudantil em torno da inovação dos processos formativos, do ambiente universitário e do financiamento é fundamental para gerar envolvimento e comprometimento da comunidade estudantil com o projeto de universidade.

Desafios: Como produzir um ambiente universitário estimulante para estudantes? Como estimular formação mais crítica, plural e interdisciplinar? Como efetivar uma política estudantil de acolhimento, envolvimento e participação estudantil? Como manter vínculos entre a Universidade e egressos?

DOCENTES E TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS: MOTIVAÇÃO E COMPROMETIMENTO. Os servidores docentes e técnico-administrativos constituem o coletivo mais permanente da instituição. Precisam estar motivados e comprometidos com a Universidade. Motivação e comprometimento estão associados ao seu estatuto, condições de trabalho, questões salariais, mas também ao respeito e reconhecimento das ações e iniciativas ético-acadêmicas para o fortalecimento da Universidade e da sua relação com a sociedade.

Desafios: Como gerar um ambiente de maior envolvimento e comprometimento de docentes e técnico-administrativos com a Universidade e seu futuro? Como assegurar direitos ao trabalho digno dos servidores no atual contexto?

CONSTRUINDO O FUTURO DA FURB UNIVERSIDADE-SOCIEDADE: A FURB NA AGENDA DO DESENVOLVIMENTO.

A FURB enfrentou muitas de suas dificuldades assumindo protagonismo no processo de desenvolvimento regional. As circunstâncias atuais, com a proliferação de instituições privadas de ensino superior, e a chegada de novas instituições públicas criaram um ambiente concorrencial sem precedentes para a nossa instituição. É necessário que a Universidade retome a sua condição de sujeito importante no processo do desenvolvimento regional. Para tanto se impõe a exigência de maior visibilidade das suas potencialidades acadêmico-institucionais junto à comunidade regional. Além do intenso e permanente diálogo com a comunidade regional, há necessidade de que a FURB assuma maior protagonismo no âmbito estadual (em especial na ACAFE), nacional e internacional.

A Universidade deveria ser efetivamente reconhecida pelas diversas contribuições que poderá dar no enfrentamento dos desafios contemporâneos relativos aos modelos de desenvolvimento necessários para a promoção da justiça social e a sustentabilidade ambiental.

Desafios: Como a FURB pode assumir protagonismo no âmbito regional, estadual e nacional e como ampliar seu
reconhecimento internacional? Como a política de ensino-pesquisa-extensão, na graduação e pós-graduação, pode estar melhor articulada aos desafios sociais contemporâneos? Como obter reconhecimento político-acadêmico nas esferas de tomada de decisão no país?

SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA CRIATIVA. O que pesa sobre a nossa Universidade é sua dependência do
financiamento privado (estudantil). As atuais circunstâncias não apontam para a perspectiva de substituição deste tipo de financiamento pelo financiamento de fundo público, como no movimento em torno da nossa federalização.

No entanto, é possível a partir do nosso caráter público e universitário (indissociabilidade de ensino-pesquisa-extensão) encontrarmos fontes de receita adequadas. Para tanto, é fundamental o protagonismo político-institucional da FURB junto aos municípios, ao Estado, à União e às instituições e organizações internacionais. Inserção em projetos públicos e transferência de recursos orçamentários são possibilidades reais de diversificação de receita. Além disso, buscar o reconhecimento de nossas competências acadêmicas junto à iniciativa privada e às organizações da sociedade civil no Brasil e no mundo abre novas perspectivas de alocação de recursos. A sustentabilidade financeira criativa passa pela redução da participação das mensalidades e pela diversificação de receitas, com articulação de fontes de financiamento públicas, sociais e privadas, sem abrir mão da luta por gratuidade.

Desafios: Como gerar reconhecimento político-institucional-acadêmico da FURB para mobilizar fontes de recursos?
Como organizar institucionalmente a FURB para facilitar parcerias com o poder público, organizações da sociedade civil e entidades privadas?

Este documento é um convite a toda a comunidade universitária à reflexão e à participação, para que possamos
encontrar os caminhos para a construção de um futuro para a FURB que mantenha e amplie o seu caráter público,
democrático e de qualidade universitária com sustentabilidade financeira. O “caminho se faz ao caminhar” com
clareza das circunstâncias vividas e dos horizontes da chegada desejada.

Coletivo “Construindo a FURB”
Blumenau, maio de 2018
Contribuições e adesão enviar para: [email protected]

Assinam este documento: Andrea da Silva (CCS); Andrea Soares Wuo (CCEAL); Carla Regina Cumiotto (CCS); Carlos Alberto Silva (CCHC); Carlos Nunes (CCS); Celso Kraemer (CCHC); Cláudia Regina Lima Duarte da Silva (CCS); Cláudia Sombrio Fronza (CCHC); Cleide Gessele (CCHC); Clóvis Reis (CCHC); Deisi Maria Vargas (CCS); Douglas Leoni (TEA); Ernani Santa Helena (CCS); Everton Darolt (CCHC); Gabriel Theis (CCJ); Isabela Daeuble Girardi (PPGE); Jaison Hinckel (CCS); João Luiz Gurgel Calvet da Silveira (CCS); João Pedro Sansão (DIR); Jorge Gustavo Barbora de Oliveira (CCHC); José Franscisco Albiero (CCS); Jussete Rosane Trapp Wittkowski (PPGE); Karla Ferreira Rodrigues (CCS); Kátia Ragnini Scherer (CCJ); Luciano Félix Florit (CCHC); Lucymara Valentini (DGDP); Marcel Siebert (IF); Maria José Ribeiro (CCEAL); Maria Urânia Alves (CCS); Marilda Angioni (CCHC); Marilu Antunes (ETEVI); Michele Debiasi Alberton (CCS); Mônica Flissak (PPGDR); Nazareno Schmoeller (CCSA); Nevoni Goretti Damo (CCS); Nilce Ribeiro dos Santos (CCS); Oklinger Mantovaneli (CCHC); Paula Sofia da Igreja (PPGDR); Ralf Marcos Ehmke (CCSA); Ricardo Bortoli (CCHC); Rita Buzzi Rausch (CCEAL); Rita de Cassia
Marchi (CCHC); Roberto Luiz Evaristo Berndt (CCS); Romero Fenili (CCS); Samara Milene Tschoeke (CAE); Silvana Braz Wegrzynovski (PPGDR); Stela Maria Meneghel (CCEAL); Suzana Pilonetto da Costa (PPGE); Tatiana Lucia Caetano (HU); Valeska Barbosa (PPGDR); Valéria Contrucci de Oliveira Mailer (CCEAL);Valmor Schiochet (CCH

2 Comentário

  1. Pena que a Furb TV pode fechar no desligamento analógico por conta da crise. O reitor falou em entrevista na rádio Nereu que está fazendo cortes para fechar as contas em 2018. Será que o reitor vai querer será lembrado no futuro como responsável pelo fechamento da TV? E ainda almeja algo na política?

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