O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira, 4, nova alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros. Assim, a Selic passa de 11,75% ao ano (a.a.) para 12,75% a.a..
Esse foi o décimo avanço consecutivo da Selic, que permaneceu no menor patamar histórico de 2% a.a. entre agosto de 2020 e março de 2021. É o maior patamar da taxa desde janeiro de 2017.
Com a decisão, em linha ao que era esperado pelo mercado, o Copom dá continuidade a um ciclo de altas que se iniciou em março de 2021 para combater a inflação no país, que fechou em 10,06% no ano passado. No período, a meta inflacionária de 3,75% – podendo chegar até 5,25% – não foi cumprida.
As projeções para a inflação deste ano já são de 7,89%, também acima do centro e do teto da meta, equivalentes a, respectivamente, 3,5% e 5%.
Considerando que as decisões da política monetária levam entre seis e 18 meses para ter impacto na atividade econômica, o Copom já direciona esforços para cumprimento da meta de 2023 e não mais deste ano. No próximo ano, o centro da meta está definido em 3,25% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para perseguir a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Uma taxa de juros mais alta, no entanto, pode retardar ou prejudicar a recuperação da atividade econômica.
De acordo com a última edição do Boletim Focus, a expectativa é de uma Selic em 13,25% a.a. até o fim deste ano, recuando a 9,25% a.a. no ano que vem.
Desaceleração no movimento
O Copom sinalizou que vai desacelerar o movimento de avanço da taxa de juros a partir da próxima reunião. Ou seja, se o cenário interno e externo continuarem semelhantes ao atual, a próxima alta da Selic der ser menor que 1 ponto percentual.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude”, disse em comunicado ao reforçar a importância da cautela na condução da política monetária em momento de incertezas.
Ainda assim, o Comitê fez questão de ressaltar também que vai perseverar na estratégia adotada “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Cenários
Os membros do Copom avaliaram que o ambiente externo seguiu se deteriorando, com o aumento das pressões inflacionárias por conta da intensificação da pandemia na China e da guerra na Ucrânia. Assim, a necessidade de uma política monetária mundial mais restritiva eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes.
“O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos”.
No contexto interno, foi destacada a surpresa negativa com a inflação ao consumidor, que ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente. “As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, concluiu o Comitê durante a reunião.
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