Por Fernando Krieger
Em um vídeo que circulou nesta quarta-feira (2), pelas redes sociais, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que o Brasil está em uma “nova era” em que “menino veste azul e menina veste rosa”.
Excelentíssima Ministra, a cor rosa só se estabeleceu como uma cor relacionada ao feminino na década de 1980.
Durante alguns séculos, crianças até uns 6 anos de idade usavam vestidos brancos, pois as tintas para os tecidos eram muito caras. Tons mais fracos (rosa e azul) só começaram a ser usados ou associados a crianças no início do século 20. Sem distinção de gênero, repito, sem distinção de gênero.
Esse “novo conservadorismo” que se estabeleceu no Brasil, através de uma teologia rasa e a disseminação de igrejas sem um pingo de cristandade levam a esse tipo de pérola.
Estão no poder agora, mas não devem esquecer da laicidade protegida pela nossa Constituição.
Pensar que vai começar uma revolução e lutar contra os fantasmas da esquerda – que na maioria das vezes não passam de “moinhos de ventos” – com esse tipo de argumento, baseando-se na doutrinação das crianças, no que elas vão vestir, é no mínimo infantil.
Deveria a Senhora voltar aos espaços em que esse tipo de discurso é ouvido e acatado, não em um cargo governamental.
Me assusta pensar que discussões importantes para as famílias brasileiras – não só as cristãs -, das mulheres – não só as cristãs – e Direitos Humanos estará nas mãos de alguém tão despreparada e deslocada da realidade.
O quadro técnico e sem influência ideológica prometido por Bolsonaro se desfaz em discursos como o seu.
Esse tipo de moralidade não passa de um fio de linha e vocês estão sempre com a tesoura na mão.
E pra finalizar: cores são apenas cores.
Excelentes e providenciais as suas considerações.
Posso estar sendo otimista, mas acho que ela estava usando uma metáfora. Que esteja dizendo que não queremos mais ideologia de gênero. Não acredito que esteja falando das cores propriamente ditas. Diz que lutará contra toda a indução e doutrinação. Sendo assim, acho que sua reação foi um tanto exagerada – só se justificaria se ela tivesse realmente falado sobre as cores de modo literal.
Exatamente Rodrigo, ela comentou muitas outras coisas importantes.
Mas o que repercutiu foi essa metáfora que os “entendidos” não querem entender.