A CPI do “nada a declarar”

O depoimento mais esperado da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o vice-prefeito foi também o mais triste, porém estratégico para a defesa. Jovino Cardoso Neto (PSD) compareceu a 16ª sessão e, graças a um habeas corpus, limitou-se a falar “nada a declarar” nas mais de 30 perguntas feitas pelo relator Jefferson Forest (PT).

Jovino na CPI

Antes, sua defesa entregou uma declaração por escrito, que foi lida pelo presidente da CPI, Fábio Fiedler (PSD). Citou um trecho da bíblia e escreveu : “sou absolutamente inocente das levianas acusações que são lançadas contra mim”. Garantiu estar a disposição para responder qualquer questionamento  de “órgão jurídico isento e imparcial”, “no entanto creio ser totalmente desnecessário prestar declarações neste expediente, que tem como relator pessoa impedida de o ser”.

Assim o fez, mas não para a imprensa. Para este jornalista, representando o Informe Blumenau e a Rádio Nereu Ramos, Jovino Cardoso Neto falou. Repetiu que a CPI é tendenciosa e parcial, o processo é uma farsa, perguntou onde estão as provas, foram algumas das falas. Questionei se não era a oportunidade dele responder as dúvidas e ele voltou a falar que a responsabilidade pelas provas é do denunciante.

Ou seja, Jovino seguiu a risca a orientação do advogado, no caso, Carlos Pereira. Dênio Scottini, advogado dos familiares de Alexandre Pereira e dos servidores do gabinete do vice, também estava lá. Ele nega estar contratado por Jovino.

Jefferson Forest lamentou a postura e promete entregar o relatório em duas semanas, apesar de faltarem ainda dois depoimentos.

Para não ficar em cima do muro, escrevo.

Considero esta CPI um equívoco e política, só saiu porque a maioria dos vereadores quis complicar a vida de Jovino. Outros assuntos  de interesse coletivo não foram adiante.

Por outro lado, há evidências de irregularidades que teriam sido praticadas pelo vice-prefeito. Somente pelos  crimes ambientais constatados no sitio Jovino, com penalidade imposta,  já vale a denúncia.

Com relação as outras, em especial a que gerou a CPI, de que o servidor Alexandre Pereira, lotado no gabinete do vice-prefeito, prestaria serviço no sítio durante expediente da Prefeitura, as evidências também são grandes. Dos 11 servidores públicos vinculados ao vice, apenas Alexandre não tem registro de passagens na catraca e assinatura de cartão ponto.

Também ficou claro que os familiares de Alexandre Pereira mentiram no primeiro depoimento e que os servidores do gabinete foram instruídos pelo advogado.

Também é claro que o gabinete do vice-prefeito tinha como tarefa número um fazer política, ou melhor, “atender a comunidade”, que foi a fala da maioria dos servidores ao perguntar qual seria a função exercida.

Se Jovino Cardoso Neto tivesse argumentos claros para comprovar que o servidor Alexandre Pereira não presta serviço particular a ele, deveria ter falado, aproveitado que alguns jornalistas estavam lá. Mas não, preferiu uma estratégia jurídica.

Procurando tirar algo de bom desta CPI, fico com uma fala do relator Jefferson Forest na sessão de hoje. “Próxima vez, qualquer agente público vai pensar duas vezes antes de de usar o que é público para benefício privado”.

Algum caráter pedagógico devemos tirar disso. O informe Blumenau transmitiu ao vivo a sessão via o Facebook e você pode conferir aqui. 

2 Comentário

  1. “Considero esta CPI um equívoco e política, só saiu porque a maioria dos vereadores quis complicar a vida de Jovino. Outros assuntos de interesse coletivo não foram adiante.”

    A definição do Alexandre Pereira foi a mais realista em relação a esta CPI , existem evidências fortes sobre o assunto inicial da CPI , mas fizeram tanta besteira que a CPI acabou em pizza .Quem não tem competência , não se estabelece .

  2. Vereador nos Bairros e vice-prefeito nos bairros. Me diz quem ja teve peito pra colocar uma tenda na rua e esperar o povo nervoso, babando e rosnando. Além do mais o camarada falou, na mídia (sintam-se orgulhosos), agora sobre sítios…valha-me Deus. Me mostre UM em Blumenau que não tenha crimes ambientais. UM!

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