O Governo do Estado precisa vir a público urgente e com transparência explicar os motivos e como se deu a ação policial para assumir a operação da Barragem Norte, em José Boiteux, no começo da noite de sábado e no início da manhã de domingo. Depois de uma noite de tensão e um começo da manhã marcado por confronto, a Defesa Civil atua no local para fechar duas comportas.
Os indígenas, desde que tiveram suas terras desapropriadas para a construção da barragem, cobram promessas feitas pelos governantes. Governos e a Sociedade em geral só voltam a lembrar destes indígenas quando, literalmente, a água bate na bunda, ou melhor, quando existe a possibilidade clara de enchente, como agora.
O governo Jorginho Mello (PL) está há 10 meses no Governo e não resolveu, o ex-governador Carlos Moisés (Republicanos) não resolveu em quatro anos e o ex-governo Raimundo Colombo (PSD) também não, em oito anos de gestão. O ex-secretário de Defesa Civil na gestão Colombo, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Rio do Sul, Milton Hobus, enviou um áudio alarmante, trazendo informações sobre seu funcionamento e as negligências das gestões após a dele. Ele deixa claro que a Defesa Civil não cumpriu os protocolos com os indígenas.
E agora em 2023, em vez de chegar com as demandas que, em tese teriam sido acordadas pelo Governo – trazer cestas básicas, água potável, barcos e ônibus para atendimento à comunidade, equipes de saúde 24 horas e desobstrução de vias -, a Defesa Civil do Estado chegou acompanhada do pelotão de choque e a cavalaria a PM. Confira abaixo o acordo que teria sido feito pelos indígenas e o Governo Digitalizado_20231007-1754 (1)
Outra preocupação dos indígenas é o alagamento de aldeias localizadas numa região mais baixa em caso do fechamento das comportas e do aumento de água retida.
Na decisão da Justiça Federal, foi determinado um acordo que reúne integrantes da reserva, Governo e a Prefeitura de José Boiteux, encaminhando – mais uma vez – a solução das demandas dos indígenas.
Os indígenas fizeram barricadas e colocaram fogo em pneus e a PM usou balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar os indígenas e nos vídeos que chegam de lá é possível ver mulheres, crianças e idosos. Pelo menos dois indígenas ficaram feridos com bala de borracha.
Nesta manhã de domingo, o aparato policial contou com reforço do exército, que segundo informações, estaria levando alimentos e água para os indígenas.
Apesar do senso comum e até um certo preconceito é importante deixar claro que os indígenas não são os vilões desta história, são as maiores vítimas. Desde o começo da década de 1990 tiveram suas terras retiradas, em troca de promessas de políticos que nunca se concretizaram.
Confira os vídeos:
É…para quem disse que o governo do estado de SC é do dialogo…esta sentindo na pele…parabéns….com a palavra os Indígenas…
O relato jornalístico mais coerente e realístico escrito sobre essa situação até agora. Parabéns.
Só uma pergunta : Quais são as obrigações dos índios perante o estado ?
Pergunto porque só vejo requerer benefícios , só pedem, pedem e pedem . Mas quando nos deparamos com eles , o que mais vemos são carros de luxo (Camionetas). Eles só possuem direitos ?
Parabéns pela lucidez!!!!