Dois anos sem o Consórcio Siga e uma janela de oportunidades que não se abriu

Sim, a situação hoje do transporte coletivo de Blumenau é melhor que a vivida no segundo semestre de 2015, quando greves por conta da falta de pagamento dos salários acabaram gerando enormes transtornos à população.

Dois anos depois, é preciso entender como se chegou naquela situação de dois anos e meio atrás e a responsabilidade da Prefeitura neste processo, o que fazemos em outra postagem.

Mas quando decretou a caducidade do Consórcio Siga, no dia 23 de janeiro de 2016, o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) trouxe uma metáfora nova, “janela de oportunidades”, sobre o futuro que poderíamos esperar do novo sistema.

Esta janela, infelizmente, não se abriu.

Para começar, com a vinda da Piracicabana para cá,uma empresa com fama de trambiqueira em processos de licitação. Ela veio em caráter de emergência com uma série de benefícios, muitos deles solicitados também pelo Consórcio Siga. Ganhou três contratos emergenciais até que o Poder Público conseguisse aprontar um edital.

Os trabalhadores se mantiveram no emprego, mas os direitos trabalhistas ficaram para trás.

O início da operação foi um caos, com ônibus caindo aos pedaços e sujos. Depois engrenou, mas longe de ter qualidade. Sempre com o olhar complacente de quem deveria fiscalizar, no caso a Prefeitura.

Na montagem do edital de licitação, nada de novo. Tentou-se vender a ideia do Wifi como inovação, mas deixou-se de lado o ar condicionado e esqueceram os ônibus articulados, além de outras cláusulas que o Siga tentava negociar com o Município, sem sucesso.

O edital foi questionado pelo Tribunal de Contas do Estado, que, no primeiro momento, entendeu que “favorecia a atual prestadora de serviços.”

Licitação fechada e bingo. Uma só empresa interessada e a Piracicabana muda para Blumob. E continua com bastante influência. Ganhou três reajustes de tarifa em um ano, diminuiu os horários e algumas linhas, não cumpre o contrato, terminou com  a meia tarifa aos domingos, entre outras coisas que não lembro.

Tem ônibus novos, sim. Para quem acha suficiente, tudo certo. Mas insisto que a janela de oportunidades não se abriu.