Eder Lima foi presidente do Partido dos Trabalhadores em Blumenau até abril, quando passou o bastão para a deputada estadual Ana Paula Lima. Filiado desde 1988, anuncia sua saída do PT, não uma mudança de lado. “Estarei no movimento sindical e popular, estarei nos coletivos que buscam a igualdade, estarei na luta contra qualquer tipo de discriminação e desigualdade”, diz Eder, que foi presidente do Seterb na gestão do então prefeito Décio Lima.
Conheço o Eder há cerca de vinte anos. Nunca fomos amigos, mas sempre nos relacionamos bem. Sério e rígido, é uma pessoa ética e comprometida com o que pensa ser certo.
Reproduzo o texto que ele escreveu nas redes sociais nesta quarta-feira, 9.
“Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.” (Karl Marx – O 18 Brumario de Luis Bonaparte)
Em 1988 me filiei ao Partido dos Trabalhadores, jovem, cheio de sonhos e com muita vontade de lutar. Escolhi o caminho da luta política e trilhei por ele em todas as suas nuances.
Foram inúmeros fins de semanas em cursos, plenárias, congressos e reuniões; foram inúmeros companheiros e companheiras, muitas casas, muitas cidades, muitas rodas de chimarrão e outras tantas de cerveja barata em butecos por este estado (sou do tempo que a esquerda bebia Kaiser e afins, pedíamos pela mais barata).
Tive a felicidade de poder colocar em prática as políticas públicas desenvolvidas pelo Partido quando ocupei espaço na institucionalidade durante o Governo Popular de Blumenau (1997-2004), reconhecido pela população como o governo mais exitoso da história de Blumenau.
Trabalhei no espaço legislativo com vários companheiros e companheiras que estavam representando o partido, ocupando as tribunas para levar as mensagens de esperança que precisamos tanto hoje, avançamos muito e o suficiente para saber que a luta é constante e incansável, o ovo da serpente fascista sempre esteve pronto para se abrir.
Fui dirigente partidário, ocupando quase todos os espaços possíveis na direção municipal do PT, fui militante em campanhas (umas vitoriosas, outras não), fui coordenador de campanhas, porém nunca quis disputar uma eleição, embora em 1992 tenha sido candidato a vereador para cumprir mais uma tarefa partidária.
Acompanhei e respondi publicamente pelos períodos mais difíceis do Partido, vivi o dia a dia da desconstrução do PT no período pré golpe de 2016.
Vi o ódio crescer nos olhos das pessoas que nunca gostaram de nós, vi a intolerância crescer, vi o silêncio dos oprimidos, vi uma imprensa golpista e mentirosa incitar este ódio, vi um bando de patos seguirem o apito dos patrões.
Ao mesmo tempo, convivi com pessoas maravilhosas que nadavam contra a corrente, aprendi a respeitar os coletivos que se organizam de maneira horizontal e meio anárquica, olhei nos olhos de todos que estavam ao meu lado nas trincheiras e reconheci que estávamos do lado certo. O amor estava na trincheira conosco.
Nunca abandonarei meus companheiros e companheiras de luta, apenas vou seguir por caminhos que não sejam os mesmos trilhados anteriormente.
Faço este pequeno texto para tornar pública a minha desfiliação do Partido dos Trabalhadores, estarei no movimento sindical e popular, estarei nos coletivos que buscam a igualdade, estarei na luta contra qualquer tipo de discriminação e desigualdade.
Na política partidária, estarei no trabalho de base e na construção de novas lideranças, estarei ao lado de todas e todos que busquem uma sociedade igualitária, sem preconceitos, em que se tenha a palavra de ordem central: ”de cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade”.
Se foi golpe , se não vai abandonar os companheiros ,se vai continuar na luta , porque esta saindo do PT ?
Papai Noel existe .