O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou nesta segunda-feira, 28, que renunciará ao cargo e que permanecerá no partido. Ele deixa o governo próximo do dia 2 de abril, data limite dada pela Justiça Eleitoral para ter a possibilidade de concorrer à presidência da República. Caso optasse pela reeleição ao governo, não seria necessária a saída.
Leite não disse a qual cargo concorrerá na eleições de outubro, disse que está “se apresentando”, mas relembrou as prévias do PSDB disputadas em novembro do ano passado – vencidas pelo governador de São Paulo, João Doria. Nas últimas semanas, foi ventilada a saída de Eduardo Leite do PSDB para concorrer à presidência no PSD, partido de Gilberto Kassab.
“Não é sobre as prévias, sobre o partido, é sobre o Brasil. Não pode qualquer projeto outro estar acima do nosso sentimento de viabilizar uma alternativa para o país”, disse Leite.
No sábado, 27, o governador paulista João Doria defender a permanência de Leite no partido, mas chamou de “golpe” qualquer tentativa de colocá-lo como candidato à presidência pelo partido e relembrou das prévias.
“Diante de prévias realizadas com o amparo da Justiça Eleitoral, com investimentos também registrado na Justiça Eleitoral – foram R$ 10 milhões investidos para que o partido fizesse suas prévias – as prévias valem. Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe”, afirmou Doria.
Apesar de ter sido derrotado nas prévias do PSDB à Presidência da República, o governador segue cotado para disputar o cargo. Na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira, 23, Eduardo Leite aparece com 1% das intenções de voto no cenário sem o governador de São Paulo, João Doria.
Leite, que não disse a qual cargo pretende concorrer, afirmou ter telefonado para João Doria antes do anúncio de renúncia.
“A renúncia me abre muitas possibilidades e não me retira nenhuma. Então, é importante dizer, a lei eleitoral exige que nós estejamos fora de um cargo executivo, a não ser que a única alternativa que se visualize seja a da reeleição”, comentou.
Sem mencionar Leite, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta segunda que as prévias do partido devem ser respeitadas. O governador do RS, todavia, deixou em aberto a possibilidade de concorrer à Presidência, caso partidos aliados assim deliberem.
“As prévias são legítimas, nós respeitamos as prévias. Mas nós estaremos diante de uma discussão que envolve outros partidos políticos”, ponderou o gaúcho.
Eduardo Leite ainda afirmou que deseja ser candidato à Presidência, mas que, para isso, depende de um projeto coletivo.
“Eu me sinto preparado, me sinto em condições, tenho vontade, tenho disposição para ser, sim, presidente. Mas ninguém é presidente pela sua mera vontade pessoal. Uma candidatura à Presidência não é levada por um projeto pessoal, ela é um projeto que tem que ser construído coletivamente”, destacou.
Assim, o vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), assumirá o Palácio Piratini. A transferência do cargo deve ocorrer na quinta-feira, 31. Leite disse que o vice é “um grande nome para liderar” o projeto do partido para o estado nas eleições de outubro.
“Conhece o governo, conhece o estado. Está por dentro dos projetos, participou de cada passo. É um grande nome para dar continuidade este projeto e é o nome que eu defendo”, sustentou Leite.
A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), que foi vice e sucessora de Eduardo Leite no município, também é cotada. Contudo, ela negou, nesta segunda, o interesse em concorrer. “Agradeço aos líderes do meu partido e da sociedade que cogitaram meu nome para disputar o governo do estado, mas decidi completar meu mandato, meu trabalho e minha missão”, disse.
A última vez que um governador do RS renunciou ao cargo para concorrer a outro posto foi em 1990, quando Pedro Simon (MDB) ingressou na disputa por uma vaga no Senado. O vice Sinval Guazzelli (MDB) assumiu o Palácio Piratini na época.
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