Ele está de volta – Gaspacho para Todos

Imagem: reprodução trailer oficial
Coluna Gaspacho para todos por:
MARTA BROD
jornalista e professora universitária
Imagem: reprodução trailer oficial
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Já pensou que interessante poder dar a vida novamente a pessoas que, de alguma forma, mudaram  o curso da história do mundo? O escritor alemão Timur Vermes teve essa brilhante ideia e pensou: “Por que não narrar a história de alguém que destruiu o meu país, mas com humor e muita, muita ironia?” Pois bem, ele foi lá e fez! Produziu o livro Ele está de volta e que em 2015 virou um filme de mesmo nome.

Dirigido por  David Wnendt, a película mostra Hitler acordando em 2011(!!!), em uma Berlim democratizada e governada por uma mulher. As circunstâncias e como o ditador retorna, não é mostrado no filme, o que não deixa a história menos interessante. Em um primeiro momento, a sensação que temos é de um estranhamento puro. Afinal, qual a probabilidade de se deparar com ele por aí? Misturando ficção com documentário, o suposto Hitler está tentando compreender essa “nova” Alemanha que ele aterrissou. Em uma banca de jornais, ele se informa sobre como as coisas estão andando por lá.

“Até a Polônia ainda existe. E dentro de um território alemão! Essa guerra foi uma perda de tempo”, exalta o ditador. Essas e outras frases memoráveis são ditas por ele ao longo o filme. Durante a ficção, as pessoas que se deparam com Hitler acreditam que ele é um ator que está interpretando muito bem o seu papel. E aí que Fabian Sawatzki (Fabian Busch) um produtor de uma televisão vê nele uma grande oportunidade para alavancar a sua carreira. (Ah, a imprensa sempre tendo papeis importantes, não é mesmo?!). Hitler aparece em vários programas de entrevistas, jornais e revistas, exalando o seu discurso de ódio. O que acontece é que as pessoas não dão credibilidade alguma ao possível Adolf e ele entende essa reação como “analfabetismo político”. E aí que ele se torna uma grande piada na sociedade alemã.

Porém, durante o documentário, Hitler sai as ruas para perguntar aos alemães se eles não concordam que a mistura de raças é contra o processo natural da criação e sugere a volta dos campos de concentração (oi??). O mais impressionante é a quantidade de pessoas apoiando todos esses absurdos.  Algumas pessoas se revoltam com a presença dele na rua e ficam indignadas que alguns alemães ainda exaltem a presença dele por lá.

“Eu tenho cara de criminoso? Você tem cara de Adolf Hitler”.

Deixando de lado O tom irônico e satírico, o filme é um grande exercício de reflexão sobre como as pessoas estão fadadas a acreditar em qualquer discurso e acreditar somente naquilo que mais lhe convém. Aqui no Brasil exemplo é o que não falta, afinal já temos o nosso próprio filhote de Adolf Hitler 😉

 

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