Suzana Sedrez
Psicóloga, Dra. em Educação, Mestre em Ciências Sociais
A emoção de uma perda pode se traduzir em variações de desamparo. Muitas vezes reeditamos as perdas, que temos ao longo da vida, de maneira que se transformam em traumas ou feridas psíquicas.
Esse sofrimento psíquico, em geral, se manifesta através de confusão mental, inseguranças, estresse, perdas de sentido da existência e até de desorganização corporal.
Numa sociedade hedonista, em que é valorizado aparentar felicidade a qualquer custo, faz-se necessário viver, profundamente, os ciclos de lutos das perdas no nosso cotidiano para que não se tornem feridas psíquicas.
Nas etapas de lutos avaliamos a extensão e a essência do que foi perdido. De maneira que, perder é encontrar-se. É um processo sobre o qual o sujeito tem que aprender a lidar porque viver é um ato contínuo de perdas, desde o nosso nascimento. Anestésicos e consumismos, por exemplo, não preenchem nossos vazios de tristezas, tão necessárias, que dão base as nossas travessias e amadurecimentos.
O conflito psíquico nos enriquece porque temos a oportunidade de saber mais sobre nós mesmos. É no conflito que se encontra explicação para o significado das coisas e da existência.
Nesta perspectiva, podemos compreender a emoção como um estado passageiro porque ela, invariavelmente, embota a representação da “realidade” e está sujeita a revisões. Já os sentimentos, sendo mais duradouros, definem e redefinem as relações sociais, interpessoais e institucionais.
Nesse sentido, nosso desafio para a convivência diária poderia ser o de transformar emoção em sentimento. Felicidade seria, sobretudo, uma escolha em viver e refletir sobre as emoções das etapas da própria vida. Suportando e superando-se quanto à expectativa da emoção “de consumo” imposta pelos outros.
Agir refletindo sobre nossas ações e emoções minimizariam sofrimentos psíquicos, e/ou desgastes mentais desnecessários, e, seria base da afetividade para com os sentimentos de sustentabilidade da vida em suas relações no planeta.
Belo texto Suzana .