Não podemos fechar os olhos. O blumenauense tem mania de apontar o dedo para Brasília e para Florianópolis, mas não gosta de mexer no quintal de casa.
Blumenau, a terra do pioneiro da família Odebrecht, volta a encontrar-se com o sobrenome de um dos pioneiros da cidade, mas agora no furacão da Operação Lava Jato.
Aquela operação que todos defendem contra os políticos pelo país não vale para os daqui?
A delação consentida do executivo da Odebrecht para a região Sul foi apenas um aperitivo. Colegas como o Evandro de Assis, o Tonet e o pessoal do Santa mostraram que os valores são bem maiores aos “delatados” e remontam períodos anteriores, do início da concessão.
Os apelidos colocados pelos executivos da maior empreiteira do país para os políticos blumenauenses que, teoricamente, teriam se beneficiado de dinheiro caixa dois, são constrangedores e instigantes pela proximidade.
Acompanho este processo de perto desde o começo, sempre com cheiro ruim. Não se contesta a necessidade de privatização/concessão do serviço de esgoto, sim o seu momento e a forma. Entendo que o começo do serviço da Foz foi muito ruim, mas depois, já com Odebrechet, os problemas foram minimizados e os impactos foram normais a este tipo de trabalho.
Tenho lido e pesquisado algumas coisas, que podem nos remontar a partes importantes deste processo, que começou no segundo semestre de 2008, ano de eleição municipal, que culminou com a reeleição de João Paulo Kleinùbing (PSD). Depois do resultado eleitoral e no final de mandato, a Câmara recebeu um projeto dando amparo jurídico a possibilidade de “concessão” e aprovou, sem maiores debates.
O DC e o Santa trouxeram uma importante retrospectiva. Mostraram que desde a largada, os órgãos que tem a tarefa de fiscalizar, assim o fizeram. Com exceção do Legislativo. O Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado deram parecer negativos desde o começo.
Em 2009 o Tribunal de Contas do Estado pediu a suspensão do edital, pois estava com muito “erros”. O MP também fez várias observações.
Mas mesmo com esses apontamentos, em 2010, a Câmara aprovou o projeto do Executivo e concedeu o serviço a iniciativa privada. Na época, com recursos do Governo Federal do PT, Blumenau tinha a expectativa de subir de 4% para 21% de rede de esgoto. Dinheiro público, sem contrapartida da Prefeitura.
Mas a administração JPK, com a base governista, optou por outro caminho e acelerou a entrega para a Foz do Brasil então.
Abaixo você acompanha um trecho da votação de 2010, quando a “concessão” foi realmente aprovada pelos vereadores. O reeleito João Paulo Kleinübing (PSD) passou sua proposta, inclusive com o voto do colega de partido Jovino Cardo Neto (PSD), autor da CPI aprovada recentemente.
Encontrei o vídeo no canal do Tribuna do Povo, no Youtube.
A imagem não está muito boa, mas é reveladora. Penso que foi a última vez que o parlamento de Blumenau esteve cheio para um debate tão importante. Pena que os então vereadores, inclusive Jovino Cardoso Neto (PSD) e Napoleão Bernardes (PSDB), foram insensíveis. Diga-se de passagem, o atual prefeito foi um dos primeiros a deixar o plenário, depois de consentir com as mudanças na lei.
https://www.youtube.com/watch?v=fm9R7A2JIdI&t=61s
Em um site técnico, do Centro de Estudos em Sustentabilidade, da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, trago algo sobre a assinatura do contrato, em 2010. O texto deixa claro o problema que gerou os aditivos e a importância de Blumenau para a empreiteira. “Para a empresa, o contrato é importante não só pela escala – representa um crescimento de 6% na população atendida – mas por ser localizado em Santa Catarina, Estado com grande potencial de negócios e onde a Foz ainda não atuava”.
E algo mais revelador neste release feito pela Odebrecht então:”O diretor regional da Foz do Brasil, Paulo Welzel, disse que a assinatura era significativa não apenas para Blumenau, mas também para a Foz do Brasil e para a Odebrecht, que está presente no município também por meio do programa “Minha Casa, Minha Vida”, afirmou.
Ou seja, os braços da empreiteira são maiores que podemos imaginar.
E o pior. Irrigados com financiamento público, Assim que conquistou o contrato, a empreiteira conseguiu um financiamento milionário da Caixa Econômica Federal. R$ 219 milhões, “o maior contrato firmado pela Caixa nos últimos anos”, diz o material de divulgação oficial, que você confere aqui.
Ao longo deste tempo, foram alguns pedidos de CPIs e muitas denúncias. Todas suficientes para gerar uma investigação séria e transparente. Não aconteceu.
Nessas minhas pesquisas na internet, encontrei uma foto no blog do Celso Rosa, de uma outra situação, mas emblemática. O cumprimento dos então vereadores Jovino e Napoleão. Na época, eram prefeito e vice eleitos. Vale a visita no blog pela foto e pelas informações do Celso na época.
2008, 2009, 2010, 2012, 2014, 2017. Ao longo destes anos o negócio do esgoto em Blumenau sempre cheirou mal.
Agora, com os respingos da delação da Odebrecht em Blumenau, precisamos parar de hipocrisia. Políticos e agentes de nossa cidade estão sou suspeição no maior crime de corrupção levantado no país até agora.
Não podemos virar as costas. O maior esquema de corrupção do Brasil bate a nossa porta.
As planilhas da empreiteira mostram que pelo menos R$ 7 milhões de dinheiro irregular circularam na cidade nos últimos anos oriundos de seus cofres.
Sabemos os apelidos e imaginamos as intenções.
Precisamos confirmar e separar o trigo do joio. Por isso,a importância da CPI.
Concordo com o Alexandre ,precisamos separar o joio do trigo , mas acho que vamos encontrar mais joio do que trigo . Que a verdade venha a tona , que
a CPI seja efetuada por homens com dignidade , que não seja mais uma pizza .
Todos assinaram , claro que somente após as assinaturas necessárias , falsa intenção dos nobres edis….nobres por conta deles .