Coluna: MATERNIDADE por SABRINA HOFFMANN jornalista e mãe
As últimas semanas foram inusitadas por aqui. No meio de uma rotina conturbada e com a probabilidade das férias de fim de ano incluírem passeios apenas na casa dos parentes, recebemos uma notícia inesperada. Ganhamos uma viagem. Com tudo pago. Para a Bahia.
Além da alegria de poder tirar quatro dias para um passeio em família, tivemos que lidar com uma preocupação: afinal, como uma criança de três anos, que não tem paciência nem pra viagem de duas horas de carro até a casa dos avós vai reagir ao entrar em um avião e passar o dia em aeroportos?
Mas no fim das contas, o saldo foi mais positivo do que poderíamos imaginar. No meio da turbulência ouvíamos “eee, faz de novo!” e entre um passeio e outro, as respostas a tudo o que falávamos era “tudo bem” e “pode ser”. Teve forró, praia, piscina e caminhada. E tudo num bom humor que nem sabíamos que existia. Leveza define.
E, sem dúvidas, essa experiência nos trouxe aprendizados que vamos levar para toda vida. Aí vão algumas delas:
Criança é criança em qualquer lugar – e não faz cerimônia. Isso inclui gritar “quero fazer cocô!” bem na hora da decolagem. E dizer que o lanche do avião é ruim (o que, convenhamos, é a mais pura verdade). Também vale pedir para o tio da van parar no posto de gasolina para fazer xixi e dizer que a comida está com cheiro ruim mesmo com o garçom na mesa. Sorriso amarelo e vambora.
Marta Suplicy tem uma ponta de razão. E a frase relaxa e goza faz todo sentido quando você resolve agir naturalmente ao lado dos pequenos. Vale a mesma teoria que utilizamos em casa na educação. Basta perder a paciência para que a criança resolva gritar e enfrentar o primeiro adulto que surgir. Por isso, quando for viajar, o melhor mesmo é tentar levar todas as situações com naturalidade, e tentar ignorar o uso da poupança da faculdade para pagar um pão de queijo no aeroporto.
As crianças choram e os adultos precisam entender. Sim, o ouvido dói. Muito. E causa choro. No nosso caso a pequena só deixou as lágrimas rolarem em um dos pousos. Nos demais apenas reclamou. Porém várias outras crianças choraram e foi reconfortante perceber que a grande maioria dos adultos demonstrou respeito a elas. Afinal, ninguém nasceu Benjamin Button e isso acontece nas melhores famílias. Não tem paciência com criança? Fica em casa, isolado do mundo . A não ser que sua viagem seja pra Marte. Caso contrário, entenda que elas sentem dor e têm todo o direito de expressar isso. Paciência e canja de galinha nunca fez mal a ninguém.
Mais amor, por favor! Foi impressionante ver como as pessoas que encontramos trataram nossa filha com carinho e delicadeza. Em muitos passeios, ela virou prioridade até para desconhecidos. No hotel também encontramos diversas famílias e a interação com boa parte delas foi natural. Porque em qualquer lugar, pais atraem pais e é quase impossível não trocarmos experiências. Foi muito legal poder dividir essa experiência com um casal sem filhos e perceber que eles em nenhum momento se importaram de ter uma criança incluída nos passeios. Nos lugares que frequentamos também houve um atendimento especial e ver que uma criança de três anos estava à vontade em qualquer local não tem preço. No fim da viagem rolou até abraço e beijo de despedida no pessoal do hotel.
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