Com um caso confirmado em humanos e mais de 60 suspeitos em macacos, a febre amarela está em circulação em Santa Catarina, deixando a população e autoridades em alerta. Por conta do surto, os trabalhos do Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial – Projeto Bugio, mantido pela FURB em parceria com a Prefeitura de Indaial, e do Hospital Veterinário da Universidade estão concentrados no atendimento e tratamento dos animais com a suspeita da doença.
“Depois do surto em macacos, agora em janeiro, praticamente se extinguiu os outros tipos de ocorrência e a demanda está muito grande para epizootias de febre amarela (epizootia é um conceito que define uma doença contagiosa que atinge um grande números de animais de uma só vez). Estamos indo em vários locais e vendo famílias inteiras de bugios mortas”, declarou o professor da FURB e médico veterinário do Projeto Bugio, Júlio Cesar de Souza Júnior. Segundo ele, atualmente a doença é a principal ameaça para o bugio ruivo, espécie que corre risco de extinção.
O Projeto Bugio atende os primatas em toda a região no Vale do Itajaí: animais vítimas de descarga elétrica, atropelamentos, ataques de outros bichos. O Hospital Veterinário, no campus 5 da Universidade de Blumenau, recebe os casos de maior gravidade e urgência. Os animais são socorridos pela Polícia Militar Ambiental que os encaminha para a FURB.
Febre amarela
A febre amarela é uma doença viral infecciosa transmitida por mosquitos para humanos e macacos. Nos humanos, a melhor forma de prevenção é a vacinação. Já os macacos são mais suscetíveis ao vírus e dificilmente sobrevivem à doença. “A letalidade é muito alta. Praticamente mais de 90% dos animais que têm contato com o vírus morrem”, afirmou o professor.
Os primatas não transmitem a doença. Eles funcionam como uma espécie de sentinela aos seres humanos, indicando onde o vírus está circulando. “As espécies de macacos da nossa região praticamente são arborícolas, ou seja, vivem sobre as árvores. O primeiro fator que pode chamar a atenção por suspeita da febre amarela é ver um bicho caminhando ou parado no chão”, afirmou. Caso isso ocorra, ou qualquer outra suspeita, como letargia, desorientação, os moradores devem entrar em contato com a vigilância epidemiológica do respectivo município, órgão responsável que vai realizar os procedimentos iniciais de identificação da doença. O material coletado é enviado ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que encaminha ao Instituto Carlos Chagas Fiocruz do Paraná, órgão de referência para Santa Catarina.
Júlio Cesar ressalta a importância da notificação às autoridades. “Temos ido nos locais e é comum ver pessoas afirmando “ah, no meu vizinho morreu” e essa morte não foi notificada aos órgãos. Se isso não acontece, a vigilância epidemiológica não tem como ir até o local e investigar se a população está vacinada. E que nós, que atuamos diretamente com os animais, para entender melhor o impacto da doença nos primatas, a fim de conservá-los”, concluiu.
Fonte: Furb
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