Marina Melz
Jorrnalista
O fim de semana foi de ruas fechadas e sorrisos abertos em Blumenau. Teve Rota de Lazer ampliada (obrigada, Minha Blumenau!), lançamento do 100em1dia, Feirinha da Servidão Wollstein. Teve a oportunidade de olharmos para a nossa cidade sem a velocidade dos carros. De vermos as ruas não como caminho, mas como destino.
Muita gente aproveitou para andar com os cachorros, fazer exercícios, passear de bike. Usar a pista rigorosamente bem cuidada para os carros como um espaço deliciosamente melhor utilizado por pessoas. Muitos levaram os filhos para começarem a entender que a cidade não é só o lugar onde eles vivem, mas a soma de experiências que os espaços os proporcionam.
Mas tem uma coisa que eu acho que faz ainda mais sentido: voltarmos a flanar pela cidade.
Andar despretensiosamente, sem pressa, sem compromisso, sem horário. Andar observando portinhas escondidas por traz dos falsos e verdadeiros enxaimel, uma escada curva enfeitada de samambaias, as sacadas de construções antigas. Flanar sentindo os cheiros da pipoca e do café sendo mais potentes e presentes do que o odor da gasolina. Olhar, de novo, pra o nosso Rio e ver nele uma beleza que fica turva com o ar condicionado ligado, a música alta, a pressa da rotina. Quanta gente ainda não teve a sensação de privilégio que invade o nosso peito ao sentar nos bancos da praça do Teatro Carlos Gomes e ouvir o repertório de clássicos e populares que ecoa por aqueles jardins?
O Centro está sendo deliciosamente reocupado. Uma ocupação ordeira, pacífica, cultural. Uma ocupação provocada e proporcionada por cidadãos que enxergam além da buzina e da sirene, além da rua como uma passagem, além da cidade como um lugar onde estamos.
Ao flanar pelas ruas de Blumenau em momentos como estes, tenho a nítida sensação de que a casa que a nossa cidade é está se transformando no lar que a nossa cidade sempre quis ser. Temos o direito de aproveitar estes espaços, o dever de valorizar essas iniciativas. Temos que reencontrar o prazer de flanar pelas nossas ruas e reconhecer (no sentido de conhecer de novo) o quanto temos sorte por cada detalhe escondido na paisagem que também é nossa.
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