MARTA BROD jornalista e professora universitária
A verdade é que eu sempre gostei de filmes. Quando eu era uma criança meus pais costumavam levar eu e meu irmão numa das únicas bancas de jornal da cidade para comprar gibis da Turma da Mônica e, depois, íamos a vídeolocadora do Seu Chico alugar fitas para assistir. Isso acontecia todos os domingos. Uma rotina –quase– sacramental. Não bastasse os gibis, os filmes também eram da Turma da Mônica (Maurício de Souza, te amo!). Ainda me lembro da satisfação em passar algumas horas em frente as prateleiras de VHS (Sim, DVD era uma realidade de um futuro ainda muito, muito distante) para escolher qual aventura me faria companhia naquele domingo.
Eu cresci e os hábitos mudaram. Bem, pelo menos alguns deles. Sim, não eu costumo mais ler a Turma da Mônica e assisto pouco desenho animado. Ah, e a locadora do Seu Chico também já não existe mais. Uma pena, pois ele tinha um acervo incrível de filmes clássicos. Mas, a paixão pelos filmes ainda persiste. Depois de tanto tempo ainda não consigo explicar a sensação de prazer que é provocada em mim toda vez que assisto uma película. Seja ela de terror, romance, ação, drama… É sério, tenho verdadeiro amor por todos os sentimentos que esses filmes me provocam. (Psicanalistas talvez me entenderão).
Esse amor foi crescendo aos poucos. Foi durante a faculdade de jornalismo, no meu trabalho de conclusão de curso, em que eu decidi expurgar esse sentimento em palavras. Falei do maravilhoso – e realista – Closer, do diretor Mike Nichols. Ao longo desses anos, os filmes fazem parte do meu cotidiano. Divido o meu amor com algumas séries também. Afinal, tudo nessa vida precisa de certo equilíbrio. Já se passaram nove anos do término da faculdade e o cinema continua sendo motivo para meus estudos. Minha dissertação de mestrado tem como objeto de estudo o filme A Lei do Desejo, do diretor espanhol Pedro Almodóvar.
Toda essa introdução de três parágrafos (sou capricorniana e objetividade não faz parte do meu vocabulário) é apenas para dizer que a partir de agora terei uma coluna aqui no Informe Blumenau (Obrigada, Gonça). A ideia é fazer uma mistureba de assuntos que envolvam, principalmente, cinema, quadrinhos e literatura. Sem muita pressão, mas com muito respeito. Dar espaço para trabalhos e eventos regionais e nacionais. Tratar com empatia esses assuntos que, bem como falei nesse texto, sempre estiverem presente ao longo da minha vida.
Como não podia de ser, o nome dessa coluna é uma referência ao meu ídolo Pedro Almodóvar. Essa frase foi dita pela personagem Pepa Marcos (Carmem Maura) no filme Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos. Gaspacho é uma bebida tradicional da Espanha, geralmente servida como entrada, e leva pepinos, tomates, pimentões, alhos azeite e vinagre. Uma mistura que parece estranha, mas com um gosto memorável. Assim como essa coluna pretende ser!
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