Em março deste ano, a Universidade Regional de Blumenau (FURB) realizou um procedimento inédito: implantou uma peça de titânio na perna amputada de uma ave. O procedimento aconteceu no Hospital Escola Veterinário da FURB, com um Gavião-Pombo-Grande, que chegou ao local por meio do Serviço de Atendimento a Animais Silvestres de Blumenau, o SAABBlu, coordenado pelo professor Júlio César de Souza. O objetivo do procedimento era, mais tarde, colocar uma prótese na perna da ave.
O professor relembra as condições em que o animal chegou até o SAASBlu e porque precisou ter a perna amputada. “Ele tinha um ferimento, uma grande laceração na perna, com exposição óssea, fratura e com morte, necrose, e teve que ter a perna amputada. A partir dessa amputação a gente começou a pensar que poderia desenvolver alguma coisa pra melhorar o bem-estar desse animal em cativeiro”.
Agora, três meses depois, o Happy, como o gavião está sendo chamado, ganhou a sua prótese da perna. Os protótipos foram feitos em impressora 3D, no Laboratório de Computação Científica (FabLab/LCC) da FURB, pelo professor César Ricardo Câmara.
A partir da colocação da prótese, os profissionais vão observar como a ave se comporta com a peça e avaliar o que pode ser melhorado para, então, fabricar uma peça definitiva que se encaixem melhor com as necessidades do gavião.
Relembre o caso
Em novembro de 2020, o Serviço de Atendimento a Animais Silvestres de Blumenau, o SAABBlu recebeu um gavião da espécie Pombo-Grande com uma fratura na perna esquerda. Devido ao ferimento a ave teve que passar por uma amputação.
O professor Júlio César de Souza, Médico Veterinário e coordenador do SAASBlu teve, então, a ideia de, em parceria com o professor Ricardo Hochheim Neto, que leciona no curso de Odontologia da FURB e é doutor em Implantodontia, fazer o implante de uma peça de titânio, como as usadas para fazer implantes odontológicos, na perna amputada da ave. O objetivo era esperar o implante cicatrizar por completo e, em seis meses, colocar uma prótese no gavião.
Porém, como destaca o professor Ricardo, a perna que a ave ainda tem estava bastante machucada pelo excesso de função. “Nossa pretensão, quando a gente conversou pela primeira vez, era instalar essa perninha com seis meses, mas estamos com três meses de cirurgia e estamos, hoje [02/06], instalando a perna, parafusando sobre o implante osseointegrado. Pela radiografia o implante está muito bonito. Nós já testamos, já mexemos e realmente está osseointegrado”.
O professor Júlio César afirma ainda que, mesmo não podendo mais voltar para a natureza, a ave terá mais qualidade de vida com a prótese. “Por ele ter só uma perna pra se apoiar, acaba sobrecarregando as estruturas dessa penar. Ele já teve problemas de inflamação no pé, sobrecarga da articulação, ele também não consegue predar os animais e agarrar com o próprio pé. A prótese vai melhorar essa condição de locomoção, de postura, de alimentação e isso vai melhorar o bem-estar dele em cativeiro mesmo que ele não tenha condições e voltar ao ambiente natural”.
Seja o primeiro a comentar