Janela virtual

Luiz Carlos Nemetz

advogado

 

Janela virtual. Tenho lido críticas às mídias sociais. Algumas positivas. Outras sentando a lenha.

Sinceramente? Entendo as polêmicas.

Estamos vivendo tempos da comunicação na velocidade do pensamento. E as mídias já não são mais a vanguarda de nada. Todos estamos nelas.

Serão a ante-sala da comunicação telepática? Não sei…Só sei que gosto. E muito! Reencontrei velhos amigos. Fiz outros tantos aos quais jamais poderia sonhar encontrar não fosse um modesto – e atrevido – botão de “convidar”, ou de “curtir”. Conheci lugares, virei ativista virtual, vivi novas emoções.

Viajei, bebi e fiz refeição com amigos deitado na minha cama. Faço e recebo visitas em todas as horas do dia sem precisar servir café. É muita mordomia e diversão pulando de um lado para o outro sob o comando do meu dedo indicador.

E não deixei de amar ninguém. Ao contrário. Cheguei a viajar 1.200 km para ver de perto duas novas amigas, que de tão queridas, já vivem na minha vida como se tivéssemos vindo do mesmo ventre.

E não são as únicas. E não estamos sós.

Através delas tecemos uma teia que cresceu em progressão geométrica. E não são ficção. São pessoas e sentimentos reais. Aqui, defronte aos meus olhos, tem uma janela virtual aberta para o mundo. E a abro quando quero. Às vezes dou só uma espadinha. Outras escancaro tudo. Por outras, fecho as cortinas.

E o mais legal é que é inteiramente interativa.

Abro com qualquer tempo, com qualquer paisagem, em qualquer lugar, com qualquer humor.

Posso, através dela, ver a “banda passar cantando coisas de amor”, ou – o que nunca faço, ficar procurando defeitos, tristeza, tragédia e desamor em tudo.

Que nem butequim de boêmio, abro e fecho a janela virtual, na hora que quero.

Aqui quem manda sou eu!

Escolho o quê e quem quero ou não ver, o quê quero ou não dizer, o quê quero ou não ler, escrever, falar ou ouvir. E o mais legal: também posso escolher minha idade, meu domicílio e endereço, meus gostos e minhas emoções, sempre que abro a janela. Viro personagem de mim mesmo. Ou saio dos personagens que vivo na vida real, para ser exatamente quem sou!

E ainda tenho a opção de fechá-la, sempre que não quiser tê-la ou vê-la aberta. E quando estou bem cansado de ficar sozinho junto com os outros que também estão com as suas janelas abertas, saio para as ruas.

E muitas destas vezes, levo a janela no bolso. Vai que eu queira abri-la para te mandar um sorriso…

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