As informações que colocaram o deputado estadual e candidato por duas vezes a prefeito de Blumenau, Jean Kuhlmann (PSD), na lista do ministro Edson Fachin, são no mínimo estranhas. O nome dele apareceu na delação de dois executivos da Odebrecht e seu inquérito foi remetido ao STJ, que cabe analisar casos relativos a denunciados sem foro privilegiado.
São duas questões que chamam a atenção na denúncia.
A primeira é de que Jean Kuhlmann é acusado de ter recebido da Odebrecht R$ 65 mil em 2004 para “facilitação de recebimento de faturas de serviços prestados e não pagos”. Na época, ele era vereador de oposição ao então prefeito Décio Lima (PT). Foi candidato à reeleição pelo DEM, que acabou elegendo como prefeito João Paulo Kleinübing. Blumenau só surgiu no horizonte da empreiteira em 2008, no final do primeiro mandato de JPK.
A segunda incoerência é o valor que a candidatura de Jean teria recebido da Odebrecht em 2012, quando ele foi escalado pelo partido para suceder Kleinübing. Era o favorito, mas teria recebido R$ 50.000,00, segundo a delação. Enquanto isso, o azarão Napoleão Bernardes e a oposicionista Ana Paula Lima teriam sido beneficiados com R$ 500 mil cada um.
Não faz muito sentido. A concessão para a Odebrecht e o início da operação em Blumenau aconteceu durante os dois mandatos do grupo político de Kuhlmann e Kleinübing. Se a empreiteira estava disposta a fazer média com todos os candidatos a prefeito de Blumenau, faz sentido dar ao projeto favorito na época apenas 10% do supostamente ofertado aos concorrentes?
Não estou aqui defendendo o Jean Kuhlmann, entendam bem. Só percebo que as denúncias contra ele são incoerentes. Caberá ao STJ analisar se abrirá inquérito para investigar ou não.
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