Em setembro deste ano, 58% dos municípios brasileiros não registraram mortes por Covid-19, o maior percentual desde maio de 2020. É o que mostra um levantamento exclusivo do g1 com dados tabulados pelo pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa.
Foram 3.274 cidades sem notificação de mortes no último mês, um aumento de 31,8% em relação às 2.484 de agosto.
O que mais o levantamento mostra:
A maior parte dos municípios sem mortes tem menos de 10 mil habitantes: são 1.884 nessa faixa populacional (57,5% do total);
A cidade mais populosa sem mortes registradas em setembro de 2021 é São José de Ribamar (MA), com 179.028 habitantes;
Ao todo, 13 municípios com mais de 100 mil habitantes não informaram mortes no mês;
A região Nordeste teve o maior percentual de municípios sem mortes em setembro.
Ao todo, 1.249 municípios do Nordeste não notificaram mortes no último mês, o equivalente a 38% do total. No Sudeste, foram 789 sem óbitos (24% do total).
Mortes em queda
Os dados mostram que 43% dos municípios registraram queda na média diária de mortes por Covid-19 em setembro quando comparado ao mês anterior.
Ao todo, 2.389 cidades brasileiras tiveram redução na média diária de óbitos no último mês em relação a agosto.
Em 2.316 municípios, 42% do total, a média se manteve no mesmo patamar.
‘O pior já passou’
Para o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), os dados indicam que a pandemia está chegando a uma nova etapa.
“Esse resultado sugere que o pior momento da pandemia já passou, especialmente em decorrência do avanço da campanha de vacinação no Brasil”, afirma.
“No momento atual, o nosso maior inimigo é a variante Delta – se conseguirmos evitar que a variante Delta gere um novo aumento de caso, estaremos muito próximos de vencer a pandemia, caso a vacinação continue avançando.”
O infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que o aumento dos municípios sem registro de mortes é resultado do rápido avanço da vacinação no Brasil.
“Isso acontece por causa da vacinação rápida”, afirma. “A gente começa a ver os efeitos provocados pelo aumento da capacidade de proteção. Porque a cobertura vacinal da população provavelmente avança mais rápido nos municípios menores, principalmente dos grupos mais vulneráveis. Com isso você tem um menor número de casos graves e obviamente isso tem impacto nas mortes.”
De acordo com ele, essa tendência deve se manter.
“Nos próximos meses certamente a gente vai ter cada vez mais municípios com zero mortes. As grandes cidades vão precisar de um tempo maior para que isso aconteça, onde você tem um maior adensamento e até talvez um número maior de pessoas que não se vacinaram. Mas certamente isso está relacionado à vacinação e vai se manter nos próximos meses.”
Já é possível ver uma redução expressiva nos óbitos nas grandes metrópoles. Em São Paulo, por exemplo, a média móvel de mortes chegou a 38 na última terça-feira, 5, segundo o consórcio de veículos de imprensa. É um número bem inferior ao registrado no pico da pandemia, em 14 de abril, quando a média foi de 252 mortes.
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